terça-feira, 4 de março de 2025

Ramos-Horta e a arte de governar o povo com esmolas, sacos de arroz e propaganda no Facebook

José Salvação

José Ramos-Horta encontrou finalmente a sua verdadeira vocação, o espetáculo da caridade de ocasião. Com uma generosidade digna de um imperador romano, desfila pelo país distribuindo arroz de terceira categoria e óleo que provavelmente nem os ratos querem, como se estivesse a oferecer lingotes de ouro ao povo timorense. Um verdadeiro messias, sem dúvida. 

Entretanto, e porque não se pode fazer tudo, mantém um silêncio quase monástico perante a gestão desastrosa do governo de Xanana Gusmão, que despeja milhões em cimento e betão como se Timor fosse um gigantesco canteiro de obras, ignorando coisas "menores" como saúde, educação, agricultura ou qualquer outra área que realmente pudesse tirar o país do buraco.

Mas se há algo que Horta e a sua trupe dominam com mestria é o Facebook. Ali, a máquina da propaganda trabalha sem descanso para pintar esta distribuição de esmolas como um ato de suprema nobreza. Afinal, quem precisa de políticas estruturantes quando se pode garantir a sobrevivência do povo à base de sacos de arroz e garrafas de óleo? Nada diz "grande estadista" como manter a população numa eterna posição de dependência e agradecimento.

E depois do grande número da beneficência, chega o momento do segundo ato: as viagens internacionais. Horta parte em digressão pelo mundo, sempre rodeado por uma comitiva que mais parece uma dinastia de privilégios ambulante, os mesmos filhos do compadrio, os amigos, os primos, as concunhadas,  e até os amigos dos primos das concunhadas, estes mesmos que ele oferece empregos na máquina estatal como se esta lhe pertencesse. 

E quem paga a conta desta tournée global? Ora, quem mais senão o generoso povo timorense? Como bónus, há ainda a distribuição de nacionalidades timorenses como se fossem brindes de festa, um prémio simbólico para aqueles que "trabalharam" pelo país, ou seja, para quem fez exatamente aquilo para o qual foi pago.

Enquanto isso, Timor continua no piloto automático, com um governo que trata o país como se fosse um casino,  apostando milhões em projetos inúteis e infraestruturas que servem para tudo, menos para melhorar a vida da população. Porque apostar na saúde ou na educação? Isso não dá boas fotos nem alimenta egos nas redes sociais. E o importante aqui é a estética da benevolência, não a realidade.

Mas o mais insultuoso nem é esta farsa filantrópica. O verdadeiro escândalo é que tudo isto não passa de uma afronta descarada à dignidade de um povo que lutou pela sua independência. Timor não derramou sangue para acabar refém de uma oligarquia que governa à base de esmolas e favores, mantendo a população na pobreza enquanto se deleita com as mordomias do poder.

Timor não precisa de arroz com prazo duvidoso nem de óleo que cheira a ranço. Precisa de investimentos sérios, de oportunidades reais, de políticas que deem ao povo as ferramentas para construir um futuro digno. 

Mas isso seria um problema, não é? Se o povo aprendesse a "pescar em vez de lhe darem o peixe", deixava de precisar destas migalhas. Pior, começava a exigir mais do que sacos de arroz e viagens presidenciais. E isso, meus amigos, seria o verdadeiro pesadelo desta gente.

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