Foto, Facebook. |
Timor Hau Nian Doben
O Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, fez duras críticas ao hospital de Atambua durante a campanha presidencial de 2024, afirmando que a unidade hospitalar enfrentava uma grave escassez de médicos, uma situação que, segundo ele, se repetia por todo o país.
“Acredito que os dados são bastante claros, temos uma escassez de 140 mil médicos. Por exemplo, em Atambua, há um hospital onde deveria haver 16 médicos, mas apenas um está disponível”, afirmou Prabowo no ano passado, durante o debate final entre candidatos presidenciais no Centro de Convenções de Jacarta.
Na altura, Prabowo Subianto defendeu que o governo deveria adotar medidas urgentes e enfatizou a necessidade de enviar, com caráter de urgência, estudantes para formação no estrangeiro.
“Seja como for, penso que o governo deve tomar medidas de emergência e, para isso, temos de adotar ações ousadas, como enviar o maior número possível de estudantes para formação no exterior”, afirmou o Presidente da Indonésia.
Por outro lado, em Timor-Leste, o Presidente da República, Ramos-Horta, e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, defendem que, para "poupar dinheiro" e devido à sua proximidade, Atambua poderá ser uma alternativa para os doentes que não podem ser tratados em Timor-Leste devido à falta de recursos humanos e técnicos.
“A transferência de pacientes para tratamento em Atambua justifica-se pela proximidade com Timor-Leste e pelos custos reduzidos”, argumentou Horta.
“Em vez de enviarmos doentes para a Malásia, Singapura ou para outros locais da Indonésia, o que pode custar milhões de dólares anualmente, esta opção pode ser mais barata”, disse Xanana Gusmão.
A decisão de Gusmão e Horta gerou uma onda de revolta entre os timorenses, que a consideraram “uma traição” ao povo. Muitos argumentam que se trata de um retrocesso e que seria preferível investir nos hospitais timorenses, em vez de enviar doentes para um hospital numa "cidadezinha" da Indonésia. Um internauta chegou a desabafar no Facebook: “Prefiro morrer no Hospital Guido Valadares a ir morrer num hospital em Atambua.”
Ontem, ao ser questionado por uma jornalista sobre a transferência de doentes para o hospital de Atambua, Xanana Gusmão reagiu de forma descontrolada e intimidatória, agredindo verbalmente a jornalista que lhe fez a pergunta, perante o sorriso cínico de Ramos-Horta e da ministra da Saúde, Nona Élia do Amaral. (VER VÍDEO AQUI).
“Não é para transferir, eu nunca disse isto, é para ir ver as condições lá, se houver alguma doença que possamos precisar, nós mandamos para lá, não é para mandar todos (doentes) e fechar o Hospital Guido Valadares”, gritou.
Xanana move-se então de forma intimidatória para a jornalista e ironizou que talvez não soubesse falar Tétum.
“Quando ouve tem de se tentar compreender. Fala Tétum ou não?Não fala Tétum, fala Mambai, por isso não compreende”, disse com ar de gozo perante uma plateia de jornalistas que se riram com ele.
A justificação de Xanana Gusmão e o seu jogo de palavras, ao afirmar que não se trata de "transferir" mas sim de "enviar" doentes para Atambua, geraram uma onda de sarcasmo nas redes sociais, com muitos a questionarem se o primeiro-ministro conhece os sinónimos da palavra transferir.
“Enviar’ e ‘transferir’ são palavras diferentes no texto e no contexto, mas a intenção é a mesma: ‘para Atambua’. Por isso, Xanana não deve mentir nem menosprezar os outros para se justificar", escreveu Lorico no Facebook.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.