Zizi Pedruco
Timor-Leste, sempre na vanguarda das inovações soberanas, deu mais um passo brilhante rumo à autodeterminação, ou melhor, à terceirização da sua própria autoridade. O Parlamento Nacional, numa demonstração de grande sentido estratégico, aprovou esta semana a votação final global de uma nova lei que regula o recrutamento de magistrados e defensores públicos não timorenses.
Sim, porque, depois de Xanana ter tentado dar Naktuka aos indonésios com um sorriso no rosto, depois de concedermos cidadania a estrangeiros oportunistas que chegam ao país de mãos vazias e saem milionários, agora decidimos que também devemos entregar o nosso sistema judicial aos estrangeiros. Afinal, já que estamos num processo acelerado de desmantelamento da soberania nacional, porque não ir até ao fim?
A nova legislação introduz um artigo que, com a habitual subtileza legislativa, afirma:
“Os Juízes admitidos através dos concursos regulados na presente lei podem, excecionalmente, exercer funções jurisdicionais nos Tribunais Judiciais de Primeira Instância, no Tribunal de Recurso, nos Tribunais Administrativos de Primeira Instância, no Tribunal Supremo Administrativo, Fiscal e de Contas, incluindo a respetiva Câmara de Contas.”
Ou seja, a nossa justiça, que já andava a tropeçar em dificuldades, agora vai contar com o reforço de magistrados estrangeiros para garantir que o nosso destino seja decidido por quem nem sequer precisa de conhecer a realidade do país. Justiça independente? Sim, claro, só que agora, mais do que garantir a independência da justiça, estamos a torná-la mais dependente de "especialistas internacionais", cuja presença tem levantado dúvidas sobre o real benefício que trazem ao país, especialmente face aos elevados custos suportados pelos nossos recursos.
E a ironia não podia ser maior. Em 2014, Xanana Gusmão expulsou juízes e magistrados estrangeiros, não apenas para assegurar que não houvessem testemunhas do conveniente assassinato de Mauk Moruk, mas também porque a sua governação estava atolada em corrupção. Os escândalos envolviam ministros seniores e negócios obscuros que, caso investigados a fundo, podiam abalar o seu império político. A solução? A mesma de sempre: remover e aniquilar qualquer obstáculo que pudesse comprometer os planos do chefe Gusmão.
Mas eis que, em 2025, a história dá uma volta curiosa. Agora, Xanana e o seu governo querem os juízes estrangeiros de volta. Porquê? De repente descobriram que a justiça internacional é confiável? Ou será que a velha raposa tem outro truque na manga? Afinal, ele nunca dá ponto sem nó.
Talvez seja porque agora, em vez de expor os seus esquemas, os novos magistrados venham com um contrato claro: fechar os olhos, carimbar os processos certos e garantir que os "intocáveis" continuam intocáveis. Ou, quem sabe, o plano seja ainda mais sofisticado, usar os estrangeiros como escudo, para que, quando chegar a hora de julgar certas figuras, se possa sempre dizer que a culpa é de um sistema "independente" e "imparcial".
Mas se a incoerência de hoje é absurda, a verdade é que as traições de Xanana Gusmão à pátria não começaram agora. Já nos anos 90, enquanto os combatentes resistiam nas montanhas, ele apelava à rendição das Falintil e à aceitação da integração indonésia. Um líder da resistência a dizer aos seus soldados para se renderem ao inimigo? Sem dúvida, uma tática revolucionária. E agora, décadas depois, a mesma estratégia se repete, ontem queria que aceitássemos a ocupação indonésia, hoje põe o país à venda aos estrangeiros.
O que é certo é que, com cada decisão do governo, Timor-Leste parece menos um país soberano e mais um negócio em liquidação. Hoje são os tribunais, amanhã talvez seja o próprio governo a ser gerido a partir do estrangeiro?
Vai chegar o momento de enfrentar os factos, os traidores da pátria serão expostos, e, sem dúvida, Xanana Gusmão estará no topo da lista dos que traíram a Pátria Maubere...
Uma vez traidor da pátria, sempre traidor da pátria.
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