sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Gabinete de Taur Matan Ruak acusa Tatoli de “mentir e manipular as suas palavras”
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Taur Matan Ruak acusa Xanana Gusmão de adotar política de destruição contra povo com filosofia do mato
Timor Hau Nian Doben em Português - Fonte STL em Tétum
O ex-primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, afirmou ontem, durante uma conferência de imprensa que o seu governo adoptou uma política progressista para melhor servir os timorenses e acusou o executivo de Xanana Gusmão de promover uma política de destruição, afetando as habitações e locais de residência da população.
"Durante o meu mandato, recorri a meios progressistas para servir o povo. A remoção do espaço Arte Moris foi um grande problema e gerou duras críticas da sociedade, incluindo do atual Presidente da República, José Ramos-Horta. No entanto, comparando com este governo, que está a desalojar indiscriminadamente pessoas e comunidades, fica claro que o primeiro-ministro Xanana Gusmão está a seguir uma política de destruição. Pretende demolir para tornar a cidade mais brilhante (bonita), mas essa visão é simplesmente irrealista", disse.
Ruak sublinhou que "o princípio adotado pelo atual primeiro-ministro, que consiste na destruição das casas das comunidades em nome do desenvolvimento, representa uma abordagem radical para a sua implementação."
O antigo chefe de governo destacou ainda que “este governo surge agora com vários programas, incluindo a proposta de trazer o gasoduto para o país. No entanto, adotou uma política de destruição, demolindo e expulsando o povo das suas casas com o objetivo de desenvolver a cidade de Díli. A grande preocupação reside no impacto que estas ações têm sobre a população, tudo em nome de uma cidade mais bonita.”
Taur Matan Ruak alertou para a existência de duas facetas de Xanana Gusmão: uma que defende as comunidades e outra que apoia a política do secretário de Estado dos Assuntos Toponímia e Organização Urbana (SEATOU), Germano Dias, na destruição das habitações do povo.
"Estamos a ver dois Xananas: um que defende as comunidades e outro que segue a política do SEATOU na destruição das casas das pessoas. A filosofia que Xanana está a aplicar é a mesma que usávamos no mato – sacrificar alguns para proteger muitos", concluiu Matan Ruak.
Foto, Facebook.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Gregório Saldanha: A voz da consciência, justiça e esperança do Povo Maubere
Zizi Pedruco
Nos últimos tempos a defesa dos legítimos direitos do povo timorense anda nas ruas da amargura, onde os políticos apenas olham para os seus próprios umbigos, a postura de Gregório Saldanha de defesa dos direitos do Povo Maubere, é um bálsamo no meu coração, ergueu a voz de um homem que soa como um farol para as gerações vindouras, para um país mais justo e digno para todos os filhos da pátria Maubere.
Gregório Saldanha, não é um novato no seu empenho na defesa dos direitos do Povo Maubere, Mouris como também é conhecido foi um dos organizadores e sobrevivente da manifestação pacífica que resultou no Massacre de Santa Cruz, foi detido e condenado à prisão perpétua por um tribunal indonésio.
Na sua caminhada de defesa intransigente do seu povo Mouris decidiu resignar-se porque: “Como cidadão, veterano e presidente da Autoridade Municipal, não posso aceitar as práticas violentas que continuam a ser dirigidas contra os cidadãos de Díli, sem antes serem criadas condições alternativas mínimas” e ainda porque considerou que, “aquelas ações como desumanas", comparando-as a “práticas cometidas por forças estrangeiras contra a população no passado”.
A decisão de Gregório de se demitir para defender os direitos do povo timorense foi a primeira na história da política de Timor-Leste demonstrando que é um homem de princípios, renunciou ao poder porque não quis ser cúmplice nem compactuar com quem contradiz os seus mais altos valores de justiça e humanidade.
Mouris é um exemplo de liderança em extinção em Timor-Leste, pôs os interesses do povo acima das suas ambições pessoais e políticas. Deve ser este o homem pela qual as novas gerações se devem reger, é um exemplo para Timor, um exemplo para o mundo.
Timor está cheio de gente da nova geração que só quer aparecer e armarem-se em intelectuais de meia-tigela. Tiram fotos para o Facebook, criam organizações, fazem pose para as câmaras e escrevem umas banalidades para se sentirem importantes. Mas, coitados, não valem nadinha. Muitos já estiveram no poder, foram ministros, secretários de Estados e não fizeram nada. Agora, sem poder e sem padrinhos, querem que acreditemos que são a esperança do país. Por favor, poupem-nos dessas histórias da carochinha!
Por isso referi anteriormente que Mouris é um bálsamo para o meu coração. Gregório, ao erguer a sua voz em defesa do povo, mostrou-nos que não ficou indiferente ao sofrimento do seu povo nem se rendeu às ações criminosas do governo. Ele colocou a integridade acima da conveniência e escolheu a solidariedade em vez da indiferença.
A sua postura deveria inspirar não apenas a geração mais jovem, mas também os líderes timorenses, incentivando-os a refletir sobre as suas políticas e o papel que desempenham na construção de uma pátria Maubere mais justa e mais digna para todos.
Gregório Saldanha é desde ontem mais do que apenas um nome em Timor-Leste, é o grito de justiça que ecoa no coração do sofrido Povo Maubere.
Foto, Facebook.
Ministro impede imprensa de cobrir evento e deixa jornalistas “a ver navios”
Timor Hau Nian Doben
O ministro da Administração Estatal, Tomás Cabral, proibiu ontem a cobertura jornalística da cerimónia de transferência de funções do presidente cessante da Autoridade Municipal de Díli, Gregório Saldanha, também conhecido como Mouris.
Apesar de a Autoridade Municipal de Díli ter convidado a comunicação social para o evento, os jornalistas foram impedidos de entrar por seguranças do ministério.
“A ordem é esperar lá em baixo. Só poderão entrevistar o Presidente da Autoridade Municipal depois de ele sair”, afirmou um dos seguranças, sem dar mais justificações.
A situação agravou-se quando Gregório Saldanha entrou no edifício, enquanto os jornalistas permaneciam retidos nas escadas, frustrados por não conseguirem acesso à cerimónia. Após o evento terminar, novas tentativas de entrevistar o presidente cessante foram novamente bloqueadas, com os profissionais de comunicação social sendo redirecionados para o edifício da Autoridade Municipal.
Um segurança justificou a decisão afirmando que o ministro “não responde à comunicação social”.
O episódio gerou uma onda de críticas entre os jornalistas, que acusaram o Ministério da Administração Estatal de “falta de transparência e de desrespeito à liberdade de imprensa”.
Nas redes sociais, cidadãos timorenses expressaram preocupações e levantaram dúvidas sobre a situação.
“Será este um caso isolado ou o início de uma política de silenciamento da comunicação social deste governo?”, questionou um internauta.
Mouris anunciou ontem a sua demissão do cargo, apontando falta de autonomia administrativa e preocupações éticas e sociais relacionadas com os despejos administrativos em Díli.
Presidente da Autoridade Municipal de Díli renuncia ao cargo
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Gregório Saldanha pode resignar hoje como PAMD em protesto contra política de despejos em Díli
Timor Hau Nian Doben
Fortes suspeitas envolvem Gregório Saldanha, Presidente da Autoridade Municipal de Díli (PAMD) e conhecido pelo nome de guerra Mouris, sobre uma possível resignação do cargo ainda hoje.
Informações apontam que ele apresentou oficialmente a carta de resignação, em protesto contra a política de despejos violentos em Díli. A decisão teria sido motivada por um profundo desacordo em como estes despejos foram realizados.
Em declarações a diversos órgãos de comunicação social timorenses Gregório Saldanha tem manifestado consistentemente a sua oposição às políticas de despejo aplicadas em Díli. Saldanha classifica essas ações como "uma grave violação dos Direitos Humanos" e ressalta que elas “comprometem a dignidade das pessoas afetadas”.
O deputado do CNRT, Natalino dos Santos, apelou a Gregório Saldanha para que não apresente a sua resignação, sublinhando que o governo ainda precisa do seu contributo para "libertar o povo da pobreza e da miséria".
"Este é o momento de libertar o povo, porquê que ele apresentou a carta de resignação? Como membro da resistência, sinto-me triste, porque agora é o tempo de trabalharmos juntos pela libertação do povo. Em democracia, este é um direito que lhe assiste (...), ele enfrenta desafios, o que é normal, mas, quer queiramos, quer não, o país ainda precisa dele", afirmou.
No Facebook, Gregório Saldanha tem recebido inúmeros elogios pela sua postura firme em defesa dos direitos da população mais vulnerável. A sua decisão de resignar, ao mesmo tempo que denuncia publicamente as injustiças contra o povo, tem sido vista como um ato de coragem, mesmo sob pressão interna.
"É melhor demitir-se do que cumprir ordens e trair os seus princípios de libertação do povo", escreveu um internauta.
Outro utilizador do Facebook felicitou Saldanha, afirmando que foi uma decisão acertada: "É melhor resignar do que tornar-se numa marionete do IX Governo e limitar-se a dizer sim. Quero demonstrar o meu respeito ao maun Giri (Gregório)."
Mouris, um dos organizadores e sobrevivente da manifestação pacífica que resultou no Massacre de Santa Cruz, foi condenado à prisão perpétua por um tribunal indonésio. Em março do ano passado, ele assumiu o cargo de Presidente da Autoridade Municipal de Díli.
Foto, Facebook.
domingo, 26 de janeiro de 2025
Avião e tratamento médico grátis? Ramos-Horta mente, revela cobardia e insulta inteligência dos timorenses
sábado, 25 de janeiro de 2025
Fretilin exige investigação sobre evacuação urgente de Longuinhos Monteiro para Jacarta
Timor Hau Nian Doben
A Fretilin exige uma investigação e demonstrou preocupação com a recente evacuação de Longuinhos Monteiro, ex-ministro do Interior e atual diretor-geral do Serviço Nacional de Inteligência, para Jacarta, onde recebeu tratamento médico urgente devido a um problema cardíaco.
O partido da oposição destacou uma aparente desigualdade no acesso a cuidados médicos no estrangeiro, questionando a equidade desse tipo de suporte.
De acordo com a deputada da Fretilin, Nurima Alkatiri, enquanto Longuinhos Monteiro teve acesso a financiamento para o tratamento fora do país, muitos timorenses enfrentam condições médicas igualmente graves, mas não recebem qualquer tipo de apoio. A parlamentar admitiu que o estado de saúde do antigo ministro era grave, contudo, exigiu uma investigação detalhada à evacuação.
“Queremos saber porquê que houve uma transferência tão repentina. Segundo as informações que eu obtive, o caso dele é mesmo grave mas porquê que teve prioridade na evacuação quando existem, muitos pacientes nas mesmas circunstâncias, por este motivo pedimos uma investigação rigorosa para podermos compreender esta situação”, afirmou Nurima Alkatiri.
A deputada questionou os critérios adotados pelo governo para definir as prioridades nos casos de timorenses que necessitam de assistência médica no estrangeiro, classificando-os como injustos.
“Não é justo que o povo tenha de esperar por meses para receber tratamento, enquanto outros são enviados repentinamente para o estrangeiro para se tratarem”, concluiu.
Longuinhos Monteiro foi transferido com urgência para o Hospital Harapan Kita, em Jacarta, devido a graves problemas cardíacos. A evacuação ocorreu há algumas semanas em um voo fretado pelo próprio Presidente da República, Ramos-Horta. O custo total da operação foi de 50 mil dólares, mas ainda não está claro se o Chefe de Estado arcou com as despesas do avião alugado com recursos próprios ou se utilizou verbas dos cofres do Estado.
Foto, Facebook.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Ramos-Horta fretou avião e ordenou evacuação urgente de Longuinhos Monteiro para Jacarta
Timor Hau Nian Doben em Português- Fonte STL em Tétum
Segundo o STL Longuinhos Monteiro, ex-ministro do Interior e atual diretor-geral do Serviço Nacional de Inteligência, foi transferido com urgência para o Hospital Harapan Kita, em Jacarta, devido a sérios problemas cardíacos. A transferência ocorreu há algumas semanas, a bordo de um voo fretado pelo Presidente Ramos-Horta, cujo custo totalizou 50 mil dólares*.
Maria Gorumali Barreto, presidente da Comissão F no Parlamento Nacional, explicou que não foi a Junta Médica quem autorizou a evacuação de Longuinhos Monteiro, mas uma decisão pessoal e direta do Presidente da República, José Ramos-Horta.
Segundo Barreto, foi o próprio chefe de Estado quem fretou o avião, sem qualquer envolvimento do Ministério da Saúde.
"Este paciente não recebeu tratamento especial em comparação com outros. Ele seguiu todos os procedimentos da Junta Médica, mas, devido à intervenção direta do Presidente da República, foi transferido imediatamente num voo charter, sob responsabilidade presidencial, sem a participação do Ministério da Saúde", afirmou Maria Barreto ao STL.
De acordo com os especialistas em cardiologia do Hospital Nacional Guido Valadares, o estado de saúde de Longuinhos Monteiro era grave, exigindo uma transferência urgente para o estrangeiro.
Maria Barreto também ressaltou que não sabe quem custeou a evacuação de Monteiro para a Indonésia, questionando se o Presidente da República utilizou recursos próprios ou públicos.
"Só Ramos-Horta pode esclarecer essa dúvida", acrescentou.
A intervenção direta e pessoal de Ramos-Horta tem gerado muitas questões, principalmente no que diz respeito à desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, considerando que outros cidadãos timorenses em situação semelhante à de Longuinhos Monteiro podem não ter o mesmo tratamento.
Em entrevista ao STL, Constantino Ximenes "Nehek", veterano das FALINTIL, criticou essa situação e reforçou a necessidade de o governo garantir acesso a cuidados de saúde de qualidade para todos os timorenses.
“Não se pode privilegiar apenas os veteranos ou membros do governo. A saúde deve ser igual para todos", destacou "Nehek".
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Secreta timorense passa para tutela de ministro da Presidência de Conselho de Ministros
23 jan 2025 (Lusa) – O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, delegou a tutela do Serviço Nacional de Inteligência ao ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, informou hoje o Governo.
“Delego no ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, as minhas competências sobre o Serviço Nacional de Inteligência”, pode ler-se no despacho do primeiro-ministro timorense, divulgado na página oficial do Governo.
O despacho justifica a decisão com a “importância de assegurar uma tutela efetiva no acompanhamento do Serviço Nacional de Inteligência na sua importante missão de produção de informações que contribuam para a salvaguarda da independência e dos interesses nacionais, da segurança interna e externa, e da prevenção do terrorismo, da espionagem e da criminalidade organizada”.
Outra justificação referida no despacho é a “presidência do Fórum de Inteligência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, plataforma que promove a cooperação, a partilha de conhecimento e a troca de experiência em temas estratégicos como economia, educação, inovação, segurança, sustentabilidade e governança entre os países membros da CPLP”.
O antigo Procurador-Geral da República e comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste Longuinhos Monteiro é desde setembro de 2023 o diretor-geral do Serviço Nacional de Inteligência de Timor-Leste.
MSE // APL Lusa/Fim
Foto, Facebook.
Carro alvo de disparos por indivíduo desconhecido em Díli
SEATOU concretiza expansão para comunidade entre Matadouro e Ailok Laran
Timor Hau Nian Doben
A Secretaria de Estado dos Assuntos de Toponímia e Organização Urbana (SEATOU) deu início, na passada terça-feira, à expansão dos seus serviços nas comunidades situadas ao longo da estrada que liga o Matadouro a Ailok Laran, em Díli.
O projeto inclui áreas isoladas, como Mota Maloa, e faz parte de um esforço governamental para aprimorar a infraestrutura da capital.
De acordo com o plano, novos trechos de estrada serão construídos para ligar o Matadouro a Mota Ibun Maloa e Ailok Laran. A via passará pelo Ministério da Educação e pelo cruzamento de Tuana Laran, ampliando o acesso às regiões periféricas e melhorando a mobilidade.
Durante uma reunião na Sede Suku Vila Verde, o Secretário de Estado, Germano Santa Brites Dias, destacou a importância da colaboração comunitária no desenvolvimento do projeto.
O plano também prevê melhorias nas estradas urbanas e rurais, com exigência de uma largura mínima de 10 metros para as novas vias.
A execução ficará a cargo do Ministério das Obras Públicas , contando com a participação da população em tarefas como levantamento de áreas, remoção de pedras e limpeza de terrenos. Essas informações serão essenciais para calcular custos e ajustar o orçamento.
“A colaboração da comunidade é indispensável. Ela garante o sucesso do projeto e facilita tarefas como construção e manutenção da infraestrutura”, reforçou o Secretário Germano.
Francisco dos Santos, Secretário de Planejamento e Investimentos de Desenvolvimento Municipal de Díli, reiterou a visão do governo:
“O governo trabalha para organizar e melhorar a vida da população, nunca para prejudicá-la.”
A coordenação do projeto é realizada por uma equipa conjunta composta pela SEATOU, o Ministério da Justiça (Direção de Terras e Propriedade), o Ministério das Obras Públicas e autoridades locais.
O objetivo é assegurar uma implementação eficiente e participativa, garantindo o apoio da comunidade em todas as etapas.
Fonte, Jornal Independente em Tétum
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Insatisfeitos com lista de veteranos timorenses devem apresentar reclamação - ministro
Díli, 22 jan 2025 (Lusa) – O ministro dos Assuntos dos Combatentes da Libertação Nacional de Timor- Leste disse hoje que as pessoas insatisfeitas com a nova lista de veteranos devem apresentar a sua contestação e reclamação, conforme previsto na lei.
"A lista dos novos veteranos já foi completamente publicada e o que se pede é que todos apresentem reclamações e contestações, caso existam", afirmou o ministro Gil da Costa Monteiro, quando questionado pela Lusa sobre as críticas feitas por deputados e cidadãos timorenses à nova lista.
A nova lista, publicada na semana passada, atualizou o número de veteranos para 92.591 contra os 124.782 existentes em 2009, recebendo críticas de alegados veteranos em vários municípios e de deputados da oposição no parlamento nacional.
Segundo o ministro, as pessoas que desejem reclamar ou contestar a lista devem preencher um formulário no seu município de origem para ser enviado para o Conselho de Combatentes da Libertação Nacional, que depois encaminhará o caso para as autoridades competentes para análise.
"A verificação da lista de veteranos de 2009 foi feita nos municípios. Pretende-se que as reclamações sejam igualmente apresentadas localmente, em vez de serem levadas diretamente ao ministro a nível nacional", afirmou Gil da Costa Monteiro.
Para o ministro, qualquer reclamação deve seguir as “regras e a lei e o prazo de 60 dias para contestação”.
“Por isso, apelo para que apresentem as reclamações dentro das regras”, afirmou o governante.
Gil da Costa Monteiro destacou também que, para resolver as polémicas em torno desta lista, o ministério seguirá apenas o que está estipulado na lei, pedindo aos cidadãos que confiem no trabalho do Ministério dos Combatentes da Libertação Nacional.
DPYF/MSE // CAD
Lusa/Fim
Angola e Timor–Leste interessados em emitir dívida pública em Macau – regulador
Macau, China, 21 jan 2025 (Lusa) – O regulador financeiro de Macau disse hoje que os bancos centrais de Angola e Timor–Leste estão interessados em emitir dívida pública na região semiautónoma chinesa, para atrair investidores da China continental.
Henrietta Lau Hang Kun, membro da direção da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), disse que a instituição tem tentado promover o território como "uma plataforma de serviços financeiros junto dos países lusófonos".
"Para já, ainda estamos a negociar com os países lusófonos" para que a emissão de dívida "passe aqui, através de Macau, para o mercado [da China] continental", acrescentou Henrietta Lau.
A dirigente recordou que, em setembro, a cidade recebeu a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
"Falámos também com o Banco [Nacional] de Angola e o Banco [Central] de Timor-Leste. Todos eles estão interessados (..). Mas ainda têm de estudar", explicou Lau.
"Ainda tenho de discutir com eles para ver que oportunidades temos aqui. Então acho que eles estão interessados", acrescentou a dirigente da AMCM.
Lau falava à margem da cerimónia de lançamento oficial de uma ligação direta entre os mercados de dívida de Macau e da vizinha região semiautónoma chinesa de Hong Kong.
"Os países lusófonos, os investidores desses países, podem investir através deste canal em Macau", disse a dirigente.
Durante a cerimónia, também o presidente da AMCM disse que a iniciativa irá "oferecer aos investidores internacionais, incluindo os oriundos dos países de língua portuguesa, um canal prático que permite facilitar a sua participação nos mercados de obrigações de Hong Kong e Macau".
Num discurso, Benjamin Chan Sau San defendeu que a ligação irá “fortalecer o papel de Macau enquanto plataforma de serviços financeiros entre a China e os países de língua portuguesa”.
Os investidores internacionais já presentes no mercado de Hong Kong poderão proceder à entrega e à liquidação, bem como deter obrigações na central de depósito de valores mobiliários de Macau, sublinhou na cerimónia o diretor-geral adjunto da Autoridade Monetária de Hong Kong.
A iniciativa permite às duas regiões "desenvolver as suas próprias vantagens" e atrair "mais emissores, investidores e instituições financeiras", disse Howard Lee Tat Chi.
O Governo de Macau tem defendido uma aposta no setor financeiro para diversificar a economia, muito dependente dos casinos, mas não tem ainda data para a criação de uma bolsa de valores ‘offshore’, denominada em renmimbi.
As autoridades têm ligado a possível criação de uma bolsa ao papel que Macau tem assumido enquanto plataforma de serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa.
Em maio de 2019, Portugal tornou-se o primeiro país da zona euro a emitir dívida na moeda chinesa, no valor de dois milhões de renmimbi (263,5 milhões de euros).
VQ (JMC/PTA/MIM) // VM
Lusa/Fim
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
65 mil dólares para tratamento de Longuinhos Monteiro enquanto timorenses sofrem e morrem sem assistência médica
Timor Hau Nian Doben
Há pouco mais de uma semana, Longuinhos Monteiro, líder da secreta timorense, foi evacuado de emergência para o hospital Harapan Kita, em Jacarta, num voo fretado pelo governo timorense que custou aos cofres públicos 50 mil dólares.
Segundo uma fonte deste blogue, Longuinhos Monteiro passou por um procedimento cirúrgico no qual foram inseridos três stents nas artérias do coração no valor de 15 mil dólares, somando uma despesa total de 65 mil dólares americanos. Esse valor foi gasto para tratar uma única pessoa, enquanto centenas de timorenses continuam a morrer em Timor-Leste devido à falta de medicamentos e assistência médica adequada.
Um veterano das Falintil relatou ao Timor Hau Nian Doben o drama enfrentado pela sua família. Ele revelou que um familiar sofreu um ataque cardíaco há algumas semanas, mas não recebeu os cuidados necessários devido à precariedade do sistema de saúde.
“A área da saúde em Timor-Leste é um espaço de corrupção, especialmente a junta médica, que há muito tempo só serve aos governantes. O povo é deixado à espera da morte”, afirmou.
O antigo guerrilheiro também desabafou que o seu familiar sobreviveu apenas pela intervenção divina, pois não havia medicamentos disponíveis para tratar o seu problema cardíaco.
“Ele deveria ter morrido, mas foi Deus e os saudosos quem o salvaram”, salientou.
Além disso, o veterano denunciou que, mesmo sabendo que o familiar precisava de tratamento no estrangeiro, foi informado pelo médico timorense de que “não havia junta médica para o povo”.
Enquanto recursos milionários são alocados para salvar vidas de figuras influentes, o povo timorense continua a sofrer as consequências de um sistema de saúde que falha nos seus princípios mais básicos de igualdade e humanidade.
A fonte citada revelou ainda que “no Hospital Guido Valadares existem muitos registos de doentes que sofrem de problemas cardíacos, mas o governo recusa-se a custear os tratamentos destas pessoas no estrangeiro”.
O veterano destacou o caso do Coronel António Soares da Silva, conhecido como Maukalo, que perdeu a vida devido à negligência do governo e da junta médica.
“Mandaram-no para tratamento já tarde demais. Quando chegou ao hospital na Malásia, os médicos interromperam o tratamento pouco tempo depois porque o governo timorense recusou-se a pagar as dívidas acumuladas com esse hospital”, disse.
Em tom de indignação, o veterano comparou os sacrifícios do Coronel Maukalo com os privilégios concedidos a Longuinhos Monteiro.
“Não há preço nem forma de pagar o sacrifício que o Coronel Maukalo fez por esta terra, algo incomparável com o que Longuinhos fez. Esta é uma discriminação flagrante entre veteranos e governantes”, concluiu.
Foto, Facebook.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Timor-Leste quer negociações de fronteiras marítimas com Indonésia este ano
Díli, 16 jan 2025 (Lusa) – O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje que pretende iniciar ainda este ano a discussão das fronteiras marítimas com a Indonésia.
“Estamos à espera de confirmação. Houve já troca de correspondência. Eles já aceitaram e nós dissemos, que se fosse possível, podia ser já em fevereiro”, afirmou Xanana Gusmão, quando questionado pela Lusa sobre o início das negociações das fronteiras marítimas.
O primeiro-ministro explicou que indicou o mês de fevereiro para salientar que “quanto mais rapidamente melhor”, mas que as negociações têm de começar este ano.
“Quanto mais cedo resolvermos a fronteira marítima com a Indonésia, mais capacidade temos de controlar os nossos mares e não permitir mais pesca ilegal”, disse Xanana Gusmão.
Timor-Leste perde anualmente milhares de toneladas de peixe devido à pesca ilegal no país.
Segundo o Gabinete das Fronteiras Marítimas e Terrestre, os líderes timorenses e indonésios iniciaram em 2015 as conversações para delimitar as fronteiras marítimas com base no direito internacional.
As reuniões técnicas preliminares entre os dois países começaram em 2018, mas foram dificultadas devido à pandemia da covid-19.
A Indonésia, com mais de 17 mil ilhas, partilha fronteiras marítimas com 10 países.
MSE // CAD
Eleições municipais em Timor-Leste poderão começar a partir de 2027
Díli, 16 jan 2025 (Lusa) – O primeiro-ministro timorense disse hoje que foi aprovado o calendário para estabelecer o poder local no país e que as eleições municipais devem realizar-se a partir de 2027, mas apenas nos municípios que estiverem preparados.
“O Conselho de Ministros aprovou ontem [quarta-feira] uma resolução que estabelece um calendário para a preparação das eleições para as autoridades locais”, afirmou Xanana Gusmão aos jornalistas no final do encontro semanal com o Presidente timorense, José Ramos-Horta.
O chefe do executivo timorense explicou que as eleições municipais não serão feitas ao mesmo tempo em todos os municípios, mas apenas naqueles que possuem “estrutura com capacidade técnica e conhecimento adequado para cumprir corretamente as regras”.
Xanana Gusmão disse que em março vai iniciar visitas aos municípios do país para começar a fazer uma análise sobre quais estão preparados.
“O Governo pretende realizar entre 2025 e 2026 uma preparação cuidadosa para que em 2027 se possa iniciar a realização das eleições para as autoridades locais em algumas localidades. Este processo vai continuar em 2028”, salientou o primeiro-ministro.
O Conselho de Ministros aprovou quarta-feira uma resolução apresentada pelo ministro da Administração Estatal, Tomás Cabral, para a execução da “Estratégia de Descentralização Administrativa e de Instalação dos Órgãos Representativos do Poder Local 2025-2028”.
A resolução estabelece planos anuais, para este ano e até 2028, que “incluem a instalação de serviços de Balcão Único em todo o território nacional, o fortalecimento institucional das autoridades municipais, a regulamentação das leis relacionadas com o poder local e a atualização da base de dados do recenseamento eleitoral”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.
“Em etapas subsequentes será promovida a criação de condições para a realização de eleições municipais, a capacitação de autarcas eleitos e a avaliação do progresso da descentralização”, acrescenta o Conselho de Ministros.
MSE/DPYF // CAD
Lusa/Fim
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Sosiedade Sivil husu PNTL Investiga Klean Kazu Sidadaun Na’in Rua Lori Bala Musan Tama Sai Fronteira
DILI: Sosiedade Sivil husi Fundasaun Mahein (FM) no Asosiasaun HAK husu bá Polisia Nasional Timor-Leste (PNTL) atu halo investigasaun klean ba kazu sidadaun na'in rua ne'ebé lori bala musan ka munisoens tama sai fronteira.
Diretór Ezekutivu Fundasaun Mahein Nelson Belo hatete, sidadaun ne'ebé lori bala musan ualo (8) ne'e ba iha estranjeiru hafoin mai fali, tuir pontu devista FM nian presiza halo investigasaun hodi bele hatene kle’an. "Primeiru investigasaun ida husi PNTL depois PNTL halo identifikasaun ba asuntu kriminal ne'e nunue’e mos bele analiza tok iha ka lae joven ida tama sai lori kilat ne’e, iha nasaun ida ne'ebé bele ameasa seguransa nasionál," dehan Diretór Ezekutivu iha nia knar fatin Bairus dos Grillos, Tersa (14/01/25).
Ezekutivu ne’e dehan, sasan sira ne’ebé mak ilisitiu ne'ebé lei prevee ona hahu husi Konstitusiaun RDTL katak kilat ho kilat musan ne'e ba de'it instituisaun PNTL no F-FDTL no instituisaun ne'ebé lei fó dalan. Maibé ema sivil mak lori armas hirak ne’e konsidera viola lei, tanba ne'e sosiedade sivil sira rekomenda atu husu halo investigasaun ne'ebé kle’an. "Tanba ne’e mak ami husu atu halo investigasaun kle’an para bele hatene viola lei ne’e oinsa? Depois ameasa ba seguransa nasional ne'e oinsa?," dehan Diretór Ezekutivu.
Iha sorin seluk, Diretór Ezekutivu HAK, Feliciano da C. Araujo hatete, relasiona ho asuntu ne’e, liga liu ba jestaun kontrolu, liuliu ba iha ajente sira ne'ebé servisu iha seguransa, presiza hare didiak material sira ne'ebé lori risku.
"Agora ita refere fali ba ajente seguransa balun nia oan lori bala musan 8 ne'ebé deteta husi ita nia imigrasaun ka sira ne'ebé servisu iha alfandega iha fronteira, ne'e hatudu katak ita nia jestaun kontrolu ne'ebé fraku tebe-tebes, depois ita bele hatete katak ne'e mós abuzu ona ba iha utilizasaun armas sira," dehan Diretor HAK.
Nia hatutan, ba ajente sira ne'ebé kaer seguransa no defeza, atu hatene katak sasan hirak ne’e, sasan kroat ne'ebé fó risku tebes ba sosiedade, se ema uza sasan ne’e la tuir dalan mak nia impaktu mak fó risku ba ema nia vida.
Nune’e, tuir espetativa HAK nian mak, parte investigasaun presiza hare no halo investiga didi’ak, tau atensaun no mós fó sansaun ba aktu ne'e.
"Se bele karik ami husu buat ida mak atu bele fó sansaun ba ida ne'e, klaru katak sira iha regulamentu sansaun ba disiplinar ninian, ha’u hanoin presiza atu hato'o se lae hanesan ne'e, ema toman ona halo bebeik, dala ruma mós utiliza bala musan ida ne’e la tuir ninia fatin no uza konforme nia hakarak," dehan Diretór Feliciano.
Ezekutivu HAK hatutan tan katak, se bele hametin liu tan kontrolu ba iha material hirak ne'e no ema ne'ebé la’ós nain ba material hirak ne’e labele utiliza.
Enkuantu, ba kazu lori bala musan tama sai fronteira, ne’ebé komete husi membru PNTL balun nian oan, sosiedade sivil rekomenda ba parte relevante, liliu komando PNTL atu labele autoriza nia membru sira lori armas ba uma no presiza mós komando nia kontrolu ba armas sira ne’ebé membru sira utiliza, nune’e evita risku ba komunidade no sosiedade
Novo presidente da federação de futebol Timor- Leste quer reativar campeonato
Díli, 15 jan 2025 (Lusa) – O empresário timorense e recém-eleito presidente da Federação de Futebol de Timor-Leste (FFTL), Nilton Gusmão, disse hoje à Lusa que pretende reativar o campeonato nacional, parado há mais de três anos.
“A minha principal missão será focar-me na reativação da nossa liga de futebol, que está parada há mais de três anos. A nossa liga precisa de ser reestruturada e revitalizada para garantir que o futebol em Timor-Leste tenha a energia, a organização e o dinamismo necessários para crescer e conquistar o seu lugar de destaque”, disse Nilton Gusmão.
O empresário foi eleito no sábado presidente da Federação de Futebol de Timor-Leste, substituindo no cargo o atual chefe das Forças Armadas timorense, Falur Rate Laek, que assumiu o cargo interinamente.
O novo presidente reconheceu que a FFTL precisa de realizar o campeonato para formar uma seleção nacional, que possa contribuir para o desenvolvimento do futebol timorense.
“É importante começar a organizar a liga”, incluindo a criação de uma estrutura definitiva, explicou Nilton Gusmão.
O presidente reconheceu que a Liga Futebol de Timor-Leste está a um nível “muito fraco” e que durante o seu mandato pretende também apostar na formação dos jogadores, salientando a importância do apoio do Governo para o desenvolvimento do futebol.
DPYF/MSE // CAD Lusa/Fim
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Papa elogia dinamismo católico em Timor-Leste, um dos pontos de futuro da Igreja
Lisboa, 14 jan 2025 (Lusa) – O Papa Francisco elogiou o dinamismo católico em Timor-Leste, considerando-o um exemplo daquilo que será o futuro da Igreja universal, que depende mais de outros territórios que da Europa.
“A Igreja que caminha será cada vez mais universal, e o seu futuro e a sua força virão também da América Latina, da Ásia, da Índia, de África, já se vê pela riqueza das vocações”, escreve o Papa na sua autobiografia Esperança, que sai hoje para as livrarias portuguesas.
Comentando a visita de setembro do ano passado, o líder da Igreja Católica recordou a chegada a Díli como uma “experiência maravilhosa, que muito desejava”, com “uma infinidade de crianças, de pessoas que lançavam as suas capas, enquanto o carro papal passava, ao longo dos dezasseis quilómetros do caminho para a Nunciatura”.
Em Timor-Leste, “encontrei uma Igreja em crescimento e com uma identidade própria, filha de uma cultura fresca e, ao mesmo tempo, profunda, que me impressionou”, escreveu o Papa, evocando também outras visitas pastorais a países em desenvolvimento, como no continente africano.
“Há inteligências vivíssimas, os africanos, por exemplo, têm uma inteligência dupla, dedutiva e intuitiva, e quando ambas se encontram é uma maravilha”, escreveu Francisco, evocando também o exemplo da viagem à Mongólia, “onde uma pequeníssima comunidade católica habita um território imenso”, com uma “mística e uma peculiaridade preciosa, mas que exprime os valores daquele povo”.
Sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, que decorreram em 2023 em Lisboa, Francisco quase não faz referência, juntando-as aos eventos semelhantes que decorreram no Brasil, Polónia e Panamá durante o seu pontificado, destacando o exemplo do Rio de Janeiro.
“Recordo bem o meu espanto diante daquele milhão de raparigas e rapazes na praia de Copacabana em julho de 2013, poucos meses depois da minha eleição; não estava habituado àquelas massas, e nem agora estou”, recordou.
Para Francisco, “os jovens não são uma massa uniforme, um estereótipo, a não ser na incapacidade dos adultos de se relacionarem com eles”.
“Os jovens colocam-nos em dificuldade, não fazem concessões, e também é assim quando vêm ao Vaticano: fazem perguntas desafiantes sobre a sua experiência, os seus problemas, a sua vida concreta, sem andar demasiado às voltas, e cabe-nos responder, não para cultivar a ilusão de se levar um troféu para casa, para vencer uma partida dialética, para dar soluções de fachada, mas para abrir uma porta, fazer vislumbrar um horizonte”, refere ainda o Papa.
O livro Esperança, escrito na primeira pessoa em colaboração com Carlos Musso, chega hoje às livrarias para assinalar o Jubileu da Igreja Católica, dedicado ao mesmo tema.
Na obra, Francisco conta as suas origens como Jorge Bergoglio, nascido em 1936, filho de imigrantes italianos e o seu percurso individual, parte dele durante a “longa e terrível noite” da ditadura argentina.
PJA // ZO Lusa/Fim
Parlamento timorense pede investigação a origem de bala que atingiu residência de ex-presidente
Díli, 14 jan 2025 (Lusa) – O parlamento timorense pediu hoje ao Governo para investigar o incidente com uma bala perdida, que atingiu no último dia de 2024 a residência do ex-presidente Francisco Guterres Lú Olo.
“O Governo tem toda a responsabilidade, principalmente o Serviço Nacional de Inteligência, de fazer uma investigação profunda ao caso”, disse a deputada do Partido de Libertação Popular (PLP), Maria Angelina Sarmento.
Em 31 de dezembro, o ex-chefe de Estado e presidente da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) denunciou uma “aparente intenção de o assassinar”, depois de uma bala ter atingido uma mesa na sua residência.
A Polícia Nacional de Timor-Leste esclareceu que o projétil de nove milímetros foi disparado para o ar por uma arma ainda por identificar .
A polícia disse também que o caso foi entregue ao Ministério Público e pediu às pessoas para informarem as autoridades caso tenham alguma informação.
A deputada Maria Angelina Sarmento salientou também que aquele tipo de acidente pode “criar pânico na sociedade” em relação à segurança do país.
“Embora tenha sido apenas um incidente, ainda não sabemos a verdade dos factos. Para não criar pânico na sociedade, o Governo, juntamente com as entidades relevantes tem toda a responsabilidade de investigar e divulgar o resultado da investigação”, disse a deputada do PLP.
Para o deputado e secretário-geral do Partido Democrático (PD), é preciso esclarecer de onde veio a “ameaça”, sem fazer mais comentários.
A Fretilin, através do deputado Joaquim dos Santos Boraluli, lembrou que apenas duas instituições, nomeadamente as forças armadas e de segurança, podem utilizar armas e que a polícia deve vigiar o seu uso no território nacional.
“Penso que há algumas deficiências no trabalho de segurança. O Governo tem de rever as regras de licença de uso e porte de armas”, disse o deputado, salientando que o disparo pode ter sido “descuido”, mas também “intencional”.
O vice-ministro dos Assuntos Parlamentares, Adérito Hugo, defendeu uma investigação “clara e pública” ao incidente.
DPYF/MSE // CAD Lusa/Fim
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Ramos-Horta, imbecil, insensível, arrogante e facínora é Xanana Gusmão
Zizi Pedruco
Estou estupefacta, mais uma vez com Ramos-Horta, ele que representa um órgão de soberania timorense insultou ontem no Facebook o Secretário de Estado dos Assuntos da Toponímia e da Organização Urbana, Germano Santa Brites Dias, chamando-lhe de“ um imbecil, insensibilidade, arrogancia”, os erros ortográficos são do Presidente da República e não meus, que vergonha.
Vamos lá ver se começamos a escrever melhor a Língua Portuguesa e pararmos com estes atropelos que não ficam nada bem a um Chefe de Estado, que coisa!
Mas vamos ao que interessa, os insultos de Horta a Germano Brites, isto é inadmissível, fazer política no Facebook e pior ainda, política enganosa. Ramos-Horta quer atribuir as culpas dos despejos violentos que têm acontecido em Díli apenas ao Secretário de Estado dos Assuntos da Toponímia e da Organização Urbana, mas a mim não me enganas tu, Zé.
Germano Brites apenas cumpre ordens (tal como tu, mas tu não devias) do patrão dele, o dono disto tudo, Xanana Gusmão, porque para além de primeiro-ministro o tipo é também chefe do governo por isso se tiveres de insultar alguém, começa pelo teu patrão, Xanana.
Ele sim, é um imbecil, insensível, arrogante, facínora, cínico e um maldito de um psicopata e cá para nós, tu também não estás muito longe destas patologias.
Xanana Gusmão como primeiro-ministro é o chefe do coletivo e a sua pessoa prevalece como um “primus interpares”, assim sendo, ele é o principal responsável pela política seguida durante o tempo em que este governo está em funções, já que define a política que deve ser seguida pelo colégio de Ministros. Percebeste, Zé? Se não chama lá aqueles teus assessores pagos a preço de ouro para te lerem a Constituição e explicarem-te porque parece que percebes pouco da coisa.
Há uns anos li um livro, “ Planet of Slums” de Mike Davis e longe de mim pensar que o mesmo cenário iria ocorrer em Timor, que um dia Díli iria ser cercada de bairros de lata (slums em Inglês), pior, que um dia estas pessoas que tanto sofreram e com tão pouco, iriam ser despejados sem misericórdia e sem serem compensados por estarem em terras do Estado, leiam que é muito bom.
Já agora a tua casinha também foi construída em terras do Estado, verdade ou não? Ou foi a PIDE que te deu pelos trabalhos que dizem que prestaste antes do 25 de abril? Eras um bufo da PIDE, diziam os amigos do meu pai, hoje alguns deles até te lambem as botas, ironias da vida.
Em almoços e jantares em casa dos meus pais em Portugal, os amigalhaços do meu pai, gentinha da UDT e perto de Horta, juravam a pé juntos que Ramos-Horta pertenceu à PIDE, porque se algo fosse dito contra o então governo e se Horta tivesse presente a PIDE iria imediatamente interrogar a pessoa que disse algo contra o regime de Lisboa, um dos interrogados foi o meu pai, ele foi detido algumas vezes pela PIDE. Talvez por isso o Zé continue com os tiques do antigo regime, deve ser saudade.
Estas casas que o Gusmão com a sua arrogância destrói pode ser o princípio de uma revolta social, porque o povo timorense não vive em bairros de lata porque quer, mas sim porque vocês não param de assaltar os cofres do Estado em benefício do vosso umbigo dando ao povo apenas migalhas envenenadas. Estas desigualdades sociais são um perigo e num futuro próximo poderão dar origem a violência, crime, doenças e serem um risco para a estabilidade do país, a culpa é vossa seus canalhas que são uns incompetentes e fazem política no Facebook, dentro de um avião ou nas ruas de Díli a brincar com o lixo. Os miolos também não devem dar para muito mais.
A política de indemnizações que ainda não foram pagas (mentirosos) não chega para estas pessoas restabelecerem as vidas que criaram naquelas favelas timorenses. Naqueles bairros de lata que foram destruídos pelo capataz Germano a mando do facínora Xanana Gusmão, ficaram vidas que foram estabelecidas há muitos anos e que foram destruídas por estes vândalos, vidas de crianças em idade escolar que frequentam as escolas na capital bem como os universitários, sem esquecermos dos trabalhadores que exercem a atividade profissional em Díli.
As indemnizações não vão servir para nada porque o facínora meteu-os em camiões e mandou-os para as suas terras, onde terão de começar do nada, sem absolutamente nada, porque o mentiroso do Xanana não vai pagar indemnização nenhuma.
Na verdade, obrigarem estas pessoas a voltarem para as suas terras viola outra disposição constitucional, liberdade de circulação no artigo 44.º
(Liberdade de circulação)
1. Todo o indivíduo tem o direito de se movimentar e fixar residência em qualquer ponto do território nacional.
Mesmo que lhes tenham destruído as casas e os seus pertences, Xanana e os seus capangas não têm legitimidade jurídica para lhes mandar para os municípios deles, o povo poderia legitimamente ter recusado e resistido a sair de Díli segundo o artigo 28.º da Constituição Timorense.
(Direito de resistência e de legítima defesa)
1. Todos os cidadãos têm o direito de não acatar e de resistir às ordens ilegais ou que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias fundamentais.
Tanta ilegalidade e força contra este povo indefeso e inocente que tudo o que faz é sobreviver a canalhas como vocês que lhes (des) governam e roubam-lhes tudo, até a dignidade.
Essa política de marginalização destes bairros da lata em Díli e do facto do Governo encarar como um problema a conter em vez de suportarem essas comunidades, leva a políticas de maior isolamento, desvantagem e a perpetuação do ciclo da pobreza e consequentemente crime, descontentamento o que poderá gerar instabilidade no território. Será esse o objetivo destes facínoras?
Vocês os dois vão ler o livrinho “Planet of Slums” para perceberem o risco que o país corre com estas vossas políticas fascistas e neocolonialistas, seus fachos nojentos!
“Superar a pobreza não é um ato de caridade. É um ato de justiça. É a proteção de um direito humano fundamental, o direito à dignidade e a uma vida decente”, Nelson Mandela.
PIDE- Polícia Internacional e de Defesa do Estado, antiga polícia de Salazar.
sábado, 11 de janeiro de 2025
“Trataram-nos como animais”: Xanana ordena transferência para quarentena e responde com sarcasmo às críticas
Domingos Javelino - Diligente - 10 de Janeiro, 2025
Centenas de famílias de Fomento II viram as suas casas demolidas pela SEATOU, ficando a viver debaixo de uma ponte sem qualquer proteção, de 2 a 8 de janeiro. Crianças, grávidas e idosos enfrentam calor e fome enquanto as indemnizações prometidas não chegam. O Primeiro-Ministro Xanana Gusmão desvalorizou as críticas, respondendo com sarcasmo à tragédia vivida pela população.
Entre 2 e 8 de janeiro, várias famílias de Fomento II, em Comoro, Díli, viveram debaixo da ponte Hinode 3, após a demolição das suas casas pela Secretaria de Estado dos Assuntos da Toponímia e da Organização Urbana (SEATOU) e pela Autoridade Municipal de Díli (AMD). Abrigadas apenas por lonas e restos de materiais recolhidos, crianças, grávidas e idosos enfrentaram noites quentes e húmidas, sem qualquer proteção adequada. Estas famílias recusaram a ordem da SEATOU para regressarem aos seus municípios de origem, afirmando que só o fariam após receberem as indemnizações prometidas.
No dia 2 de janeiro, equipas da SEATOU chegaram a Fomento II com máquinas pesadas e demoliram as casas, sem aviso prévio, surpreendendo os moradores. “Sabíamos que teríamos de sair um dia, mas nunca pensámos que seria assim, de repente, sem termos tempo para salvar os nossos pertences ou encontrar outro lugar para ir”, lamenta Francisca de Jesus, uma das afetadas.
No total, 288 casas foram destruídas. Muitas famílias, sem alternativas e recusando-se a regressar aos seus municípios de origem, decidiram permanecer nas margens da ribeira, debaixo da ponte. Viveram em condições extremamente precárias, dormindo no chão de terra batida, expostas ao calor abrasador, às noites frias e sem acesso a água potável. “É como se já não fôssemos gente para eles. As nossas crianças são o futuro deste país, mas como podem crescer assim?”, desabafa Alarico de Deus, um dos desalojados, com a voz carregada de emoção.
Comparando a ação da SEATOU à violência das milícias pró-Indonésia em 1999, Alarico condenou a falta de dignidade do processo. “Compreendemos a necessidade de organizar a cidade, mas os cidadãos têm de ser tratados com respeito, não como animais”, afirmou.
Francisca, mãe de duas crianças, tentou manter a esperança, mas confessou o desespero. “Os meus filhos dormiram no chão. Estou preocupada com a saúde deles, mas não temos outro sítio para ir”, explicou, enquanto tentava improvisar uma cama com restos de madeira e plástico.
Com a falta de eletricidade, as famílias recorreram a velas para iluminar a noite, tentando trazer um pequeno raio de luz para a escuridão que agora define as suas vidas. As chamas tremeluzentes não combatem só a escuridão física. Simbolizam também a luta desesperada por dignidade num cenário de total abandono.
Sob a ponte, onde chamaram “casa”, os cidadãos improvisaram o impossível. Utilizaram a casa de banho comunitária da estrada vizinha e cozinharam no chão frio e sujo, enfrentando diariamente condições desumanas. Cada tarefa simples foi uma batalha pela sobrevivência.
Para muitas crianças, a destruição das casas significou o fim dos estudos. Adelina, de 9 anos, viu a sua casa ser demolida e ficou sem os seus materiais escolares. “Agora não sabemos para onde ir para continuarmos a estudar. Os nossos materiais escolares ficaram todos destruídos e não sabemos o que fazer”, desabafou a menina, enquanto ajudava a mãe a recolher os poucos pertences que restaram.
Face à crescente pressão pública, o Primeiro-Ministro Kayrala Xanana Gusmão deslocou-se ao local no dia 8 de janeiro, por volta das 18h, para verificar pessoalmente as condições das famílias desalojadas. Após ouvir as queixas das vítimas, o chefe do governo ordenou que fossem transferidas para o antigo espaço de quarentena em Tasi-Tolu, onde poderiam permanecer até que o processo de indemnização fosse concluído.
A operação de transferência não decorreu sem dificuldades. Um vídeo que se tornou viral nas redes sociais mostra a resistência das famílias durante a intervenção da SEATOU e da equipa do município de Díli. Entre gritos de protesto, algumas vítimas anunciaram: “Não sairemos daqui! Destruíram as nossas casas e trataram-nos como animais. Queremos os nossos direitos!” O medo e o desespero eram visíveis, especialmente entre as crianças, que choravam com a presença das autoridades.
Apesar da resistência, a SEATOU, apoiada pela Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e pela unidade da polícia militar das F-FDTL, avançou com a transferência. As autoridades reforçaram que o espaço de quarentena em Tasi-Tolu foi preparado para acolher as famílias temporariamente, considerando que a permanência sob a ponte coloca em risco a segurança e a saúde dos desalojados. Os bens das famílias foram recolhidos e transportados para o local pelas equipas no terreno.
Nessa noite, os desalojados dormiram no espaço de quarentena. No dia 9 de janeiro, a equipa da SEATOU e as autoridades de proteção civil emitiram orientações para organizar o regresso aos seus municípios de origem. No entanto, enquanto algumas famílias regressaram, outras optaram por permanecer na capital, ficando de favor em casa de familiares ou arrendando outros espaços. Antes da mudança, o governo forneceu bens alimentares para apoiar as famílias afetadas.
Indemnizações prometidas, mas nunca cumpridas
Apesar de a SEATOU ter recolhido os dados das famílias em 2024, as indemnizações ainda não foram pagas. “Recolheram os nossos dados duas vezes, pediram-nos para abrir contas bancárias e enviar os respetivos números ao Governo, mas nunca recebemos qualquer notificação. Deram-nos esperança, mas depois destruíram tudo”, lamenta Alarico de Deus.
O chefe da aldeia de Fomento II, Domingos Mendonça, também foi apanhado de surpresa pela demolição. “Prometeram notificar-nos antes de agir, mas nunca o fizeram. Não tivemos tempo para preparar nada”, afirmou.
Por sua vez, o Secretário de Estado dos Assuntos da Toponímia, Germano Santa Brites, justificou a ação com os riscos de desastres naturais. “Mais vale salvar as pessoas agora. Quando as suas casas forem levadas pela corrente da ribeira, vão, com certeza, culpar o Governo”, declarou. Contudo, os moradores consideram que as autoridades falharam ao não criar condições prévias para o seu realojamento.
O Ministro das Obras Públicas, Samuel Marçal, afirmou que o pagamento das indemnizações só será possível em fevereiro de 2025. “Estão previstos dois milhões de dólares americanos para as indemnizações. O montante atribuído a cada família dependerá do tamanho e das medidas das habitações”, garantiu.
Na noite de quarta-feira, 8 de janeiro, o Primeiro-Ministro deslocou-se à ponte onde algumas famílias ainda permaneciam e ordenou que fossem transferidas para as instalações da antiga quarentena, em Tasi-Tolu. No entanto, até ao momento, não se encontra ninguém nem debaixo da ponte nem nas instalações de quarentena, deixando em aberto o destino destas famílias.
Xanana Gusmão reage com ironia e indiferença
Ontem, dia 9 de janeiro, na conferência de imprensa, depois do encontro com o Presidente da República, Xanana Gusmão respondeu com sarcasmo às questões dos jornalistas sobre as indemnizações prometidas às famílias desalojadas: “Todos receberão, desde que já tenham uma conta bancária”. Quando confrontado sobre quem seriam essas pessoas, pediu os nomes aos jornalistas e sugeriu que os afetados lhe escrevessem uma carta diretamente.
Relativamente às crianças desalojadas que ficaram sem acesso à escola, Xanana respondeu de forma evasiva a um jornalista que sugeriu maior planeamento nos despejos para que as crianças não sofressem com a situação: “Se pensarmos como tu, temos de fechar as escolas nos municípios.” Sobre os estudantes universitários que foram despejados e vivem em Díli por falta de universidades nos municípios, Xanana reagiu com aparente surpresa: “Ah, o quê? As pessoas que foram despejadas querem ir para a universidade?” Quando esclarecido que já estavam a frequentar a universidade, pediu novamente os nomes, prometendo “resolver a situação”.
Em tom de gozo, comentou que muitas famílias vinham para Díli “fazer e vender fritos” para pagar a escola dos filhos, referindo as dificuldades de acesso à educação nos municípios. No entanto, abordou o tema com ironia, sugerindo que a situação não era tão grave. Mais tarde, ao ser questionado sobre a possibilidade de construir casas dignas para os desalojados, tal como era intenção do anterior Governo, afirmou que seria uma boa ideia, mas ironizou que talvez as ONG já tivessem “roubado o zinco” necessário para a construção.
Oposição e ativista denunciam violações de direitos humanos
A oposição também condenou as ações da SEATOU e do Executivo. O deputado Luís Roberto, do KHUNTO, classificou o despejo como “desumano e brutal”. “Este Governo perdeu a humanidade. A lei foi implementada sem coração, como se as pessoas não tivessem valor”, criticou.
Na mesma linha, Valentino Ximenes, deputado da Fretilin, denunciou o Governo por sacrificar os mais pobres em nome da modernização. “Ordenaram que as famílias regressassem aos seus municípios de origem, o que viola a liberdade de circulação garantida pela Constituição. Díli precisa de ser modernizada, mas não à custa do sofrimento da população”, afirmou.
A Rede Ba Rai, organização da sociedade civil que trata de questões relacionadas com terra e habitação em Timor-Leste, alertou para os impactos profundos do despejo, particularmente em mulheres chefes de família, crianças e idosos. “Muitas mulheres voltaram dos municípios e encontraram as suas casas destruídas. Ficaram traumatizadas. Isto agravou ainda mais a pobreza e constitui uma violação grave dos direitos humanos”, afirmou Hortêncio Pedro Vieira, coordenador da organização.
A Provedoria dos Direitos Humanos e Justiça (PDHJ) expressou preocupação, revelando que os dados recolhidos mostram “indícios graves de violação de direitos humanos e desconsideração pelos princípios de boa governação”, destacou Virgílio Guterres.
Por sua vez, o ativista Nelson Roldão Xavier criticou duramente a decisão da Secretaria de Estado dos Assuntos da Toponímia e da Organização Urbana (SEATOU) de demolir casas em Fomento II, descrevendo a ação como “injusta e brutal, sem qualquer preparação prévia”. Xavier afirmou: “A SEATOU demoliu as casas sem antes criar condições ou analisar as consequências para a comunidade. É uma atitude insensível e irresponsável. Como é que as pessoas com raciocínio podem decidir viver nas margens da ribeira? Precisamos de perceber as causas por detrás desta situação.”
O ativista destacou que muitas famílias em Fomento II vieram de outros municípios em busca de melhores condições de vida em Díli. “Com o desenvolvimento, as universidades, os postos de trabalho e os serviços concentrados na capital, as pessoas mudaram-se para cá para procurar emprego e melhores condições de vida. Trabalham em atividades simples, como limpeza ou pequenos negócios, e esforçam-se para se capacitarem. Os governantes ignoram esta realidade ou fingem ignorá-la, enquanto favorecem aqueles que já têm privilégios.”
Xavier denunciou a falta de notificações adequadas e a ausência de soluções para os desalojados. “Demoliram as casas sem pensar no que aconteceria no dia seguinte. Não criaram condições concretas, como alojamentos provisórios ou novas habitações para a comunidade. Isto demonstra falta de planeamento e humanidade.”
Também criticou o comportamento do Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, que estava presente durante as demolições. “O Primeiro-Ministro ria, batia palmas, fumava e fingia ajudar a carregar os pertences das pessoas. Mas ele sabia muito bem que já tinha destruído o futuro destas famílias, tornando as suas vidas uma miséria. Esta encenação de empatia é uma máscara para esconder a falta de um plano integrado para o despejo administrativo.”
Segundo Xavier, a ação violou os direitos constitucionais consagrados nos artigos 58.º e 44.º, sobre o direito à habitação digna e à liberdade de circulação. “Deixaram as pessoas a viver debaixo da ponte, sem abrigo, sem água potável, expostas ao frio e à fome. Crianças e mulheres grávidas estão a sofrer. Isto não é apenas uma injustiça, é uma violação dos direitos humanos.”
O ativista comparou a situação com períodos traumáticos da história recente de Timor-Leste. “Durante a campanha, choraram e prometeram milagres. Agora, no poder, governam com autoritarismo, fazem o povo chorar enquanto vivem em festas e luxos financiados pelo Orçamento Geral do Estado. Esqueceram o compromisso com aqueles que mais precisam.”
Xavier revelou ainda que 361 famílias não receberam qualquer notificação ou compensação, apesar de estarem dispostas a cooperar. “Prometeram tirar as famílias do risco, mas condenaram-nas a uma miséria prolongada. Isto é um crime contra a humanidade.” Classificou o ato como “semelhante ao imperialismo”. “Um vem prometer, outro vem destruir. É como em 1999 ou na crise de 2006: primeiro acariciam-nos, depois mandam os seus subordinados destruir. Após a demolição, aparecem para fingir ajudar a arrumar as coisas, mas o mal já está feito.”
Foto, Facebook.