Timor Hau Nian Doben
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri criticou o plano de reconciliação entre timorenses no território e os que vivem em Timor Ocidental arquitetado pelo Presidente da República (PR), Ramos- Horta.
Alkatiri acusou Horta de estar à procura de votos porque o PR está a tentar uma reconciliação com os autonomistas em Timor Ocidental, mas dentro do território, os líderes timorenses não se entendem.
“Questiono o modelo político de reconciliação feito pelo José Ramos-Horta que quer uma reconciliação com timorenses autonomistas que vivem em Timor Ocidental, contudo, dentro do país os líderes não se entendem”, disse.
O líder da Fretilin acusou o PR de não lhe ter falado (virado a cara) durante as cerimónias do Massacre de Santa Cruz realizadas no dia 12 de novembro.
“Ele é que vai falar de reconciliação e ele não me fala (virou a cara), nesta situação quem e que está errado?”, perguntou Alkatiri.
Para o secretário-geral da Fretilin não existem modelos de reconciliação que sejam melhores ou piores, “a reconciliação tem de vir de dentro, do coração, não é fazer a reconciliação para ganhar votos”, acusou.
Mari Alkatiri acrescentou ainda que, “não é necessária a reconciliação entre os povo timorense e indonésio, é necessário sim de verdade para que exista amizade (...) existem três fatores na nossa relação com a indonésia:povo com o povo, Estado e Estado e o problema dos timorenses que vivem em Timor Ocidental”.
O líder da Fretilin criticou ainda o convite que o PR fez ao autonomista Eurico Guterres para ir para Timor para as comemorações no dia 28 de novembro, afirmando que o Dia da Restauração da Independência é um dia nacional e que não é um assunto pessoal, todo o povo tem de estar envolvido.
“Isto não é um assunto pessoal, o povo todo tem de estar envolvido. As pessoas que regressam têm que voltar para viverem em paz e não para terem problemas (...), se encontrarem problemas e se eles quiserem voltar e a Indonésia não os quiser receber? Temos que ter cuidado”, salientou.
Mari Alkatiri questionou se Ramos-Horta vai receber em casa e dar de comer a Eurico Guterres caso ele venha para as comemorações da Restauração da Independência.
“Dizem que no dia 28 o Presidente vai convidar o Sr. Eurico Guterres, aiii, e vai convidar para comer em casa dele? O dia 28 de novembro é um dia nacional, temos de consultar muitas pessoas, não é que se pode ou não se pode convidar as pessoas, tem é que se ouvir as pessoas”, acrescentou.
Mari Alkatiri propõe que o Presidente da República inclua o povo e outras entidades neste processo de reconciliação, para que não haja conflitos entre os timorenses do território e os que se encontram em Timor Ocidental.
Ramos-Horta esteve com Eurico Guterres, em Kupang, na semana passada para discutir este plano de reconciliação de forma a encerrar os acontecimentos violentos perpetrados pelas milícias indonésias em 1999.
O referendo foi realizado em 30/08/1999 e, com mais de 90% de participação no referendo e 78,5% de votos, o Povo Timorense rejeitou a autonomia proposta pela Indonésia, escolhendo, assim, a independência formal.
Apesar disso, milícias pró-Indonésia continuaram a actuar no território, atacando inclusive a sede da UNAMET (os observadores das Nações Unidas) e provocando a saída do Bispo D. Ximenes Belo para a Austrália, e o asilo de Xanana Gusmão na embaixada inglesa em Jacarta. Os assassinatos, promovidos por milícias anti-independência, armadas por membros do exército indonésio descontentes com o resultado do referendo, continuaram.
Fonte, GMNTV.
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