Díli, 07 nov 2024 (Lusa) – O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, afirmou hoje que o Orçamento Geral do Estado para 2025 apresentado pelo Governo é um “desastre”, uma “atrofia” e uma “amputação” do próprio desenvolvimento.
“Em termos de defender a soberania é um desastre, em termos de desenvolvimento é uma atrofia, em termos de política económica é uma amputação para o próprio desenvolvimento”, disse o antigo primeiro-ministro timorense, em conferência de imprensa na sede do partido, em Díli.
O parlamento nacional iniciou na quarta-feira o debate e votação na generalidade do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025, com um valor de 2,617 mil milhões de dólares (2,410 mil milhões de euros) e dedicado ao tema “Investimento em infraestruturas estratégicas, reforço da economia e melhoria do bem-estar dos cidadãos”.
“É um orçamento que atrofia completamente o desenvolvimento. Primeiro, a capacidade de execução, mesmo a nível só de capital de desenvolvimento, não existe, o que significa que é obrigar uma máquina que já não funciona a trabalhar mais do que aquilo que a habituaram a trabalhar”, afirmou Mari Alkatiri.
Para o líder da Fretilin, 400 milhões de dólares (372 milhões de euros) para capital de desenvolvimento “não é exequível”.
“Não há capacidade para executar, particularmente quando o compromisso é execução de qualidade e se é execução de qualidade tem de se pôr menos dinheiro”, afirmou.
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, admitiu na quarta-feira que a execução orçamental de 2024 durante o primeiro semestre deste ano foi “bastante moderada” com uma taxa de 63%, prevendo que aumente para 86% até dezembro.
Para Mari Alkatiri, há também uma amputação da economia, porque o investimento estratégico para o país, que devia ter começado há 25 anos, nas áreas da educação e formação, saúde e diversificação da economia, “não se fez”.
Por último, o líder da Fretilin considerou que o orçamento “tem um sentido que é retirar dinheiro público” e “encher os bolsos” de alguns elementos do setor privado.
“A curto ou médio prazo, havendo necessidade de decidir parcerias entre timorenses e potenciais investidores internacionais ou regionais”, serão aqueles elementos a “serem os parceiros. É uma forma de vender a soberania de Timor-Leste”, afirmou.
Questionado pela Lusa sobre qual será o sentido de voto da bancada da Fretilin no parlamento, Mari Alkatiri disse que isso ainda não lhe foi pedido, mas que o transmitirá quando lhe for solicitado.
O debate na generalidade do OGE 2025 vai decorrer até sexta-feira. A discussão e votação na especialidade e a votação final global vão decorrer entre os próximos dias 11 e 25.
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