Em entrevista aos jornalistas, o Presidente da República (PR), José Ramos-Horta, disse que o líder da milícia Aitarak, Eurico Guterres, embora tenha dupla nacionalidade, é timorense, por isso tem o direito a regressar a Timor.
“Eurico é timorense, embora ele tenha dupla nacionalidade, timorense e indonésia. A Indonésia não permite dupla nacionalidade, mas para Timor, ele tem direito de vir a Timor, desde que não haja nenhuma lei que o prenda”, explicou.
Ramos-Horta está preocupado com a reconciliação timorense porque está cheia de hipocrisia.
“A reconciliação timorense está cheia de hipocrisia. Apenas existe reconciliação com os generais e os indonésios, não com os autonomistas”, afirmou o chefe de Estado.
O PR acusou a Fretilin de ter cometido crimes em 1975 e que é necessário que o partido seja levado à justiça.
“Falam muito sobre a justiça, mas a própria Fretilin tem de responder perante a justiça. As famílias dos sobreviventes e das vítimas vieram falar comigo (...) Por isso é melhor acabar com este processo”, disse.
O Presidente da República advertiu ainda para o perigo de o governo da Indonésia estar a ouvir sobre a política de reconciliação.
“O governo Indonésio também ouve e pode pensar se Timor está a ser sincero ou não quando se fala sobre a reconciliação”, terminou.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, respondeu às acusações feitas por Ramos-Horta num vídeo publicado pela RTM, onde disse para PR se calar e ameaçou Xanana de que iria contar tudo sobre o assassinato de Mauk Moruk.
“O Horta não precisa de falar. Eu apenas peço a Xanana, quem é que sabe melhor quando Mauk Moruk foi morto? Ele quer que eu fale? Quer? Eu falo. Não foram dadas ordens nenhumas para matar, nem para matar ninguém no mundo. Muito menos matar essa pessoa que já estava ferida e a sangrar, ele deu ordens na mesma (...) Ele (Xanana) já não era militar e vestiu a farda para comandar (a morte de Mauk Moruk). Eu quero isto publicado”, disse Alkatiri à Rádio Maubere.
Mari Alkatiri questionou de onde vinha Ramos-Horta em resposta às declarações do PR que acusou a Fretilin de ter morto mais pessoas do que as milícias indonésias.
“Aiiiii, mas tu vens de onde? Eu já assumi e pedi desculpas pelos erros da Fretilin, mas a Fretilin é uma coisa e as pessoas são outra coisa”, declarou o líder da Fretilin.