sábado, 12 de março de 2016

Maior partido timorense afasta Partido Democrático (PD) da coligação do Governo

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Díli, 12 mar (Lusa) - O maior partido timorense, o Congresso Nacional de Reconstrução Timorense (CNRT) informou o Partido Democrático (PD) - terceira força política - de que o afastou da coligação que apoia o Governo até 2017 e onde permanece apenas a Frente Mudança.

A decisão, comunicada por carta à direção do PD, e que vai ser debatida este fim-de-semana por este partido, poderá ter consequências imediatas na composição do executivo, onde há pelo menos cinco membros que pertencem a esta formação política.

É o caso do ministro Coordenador dos Assuntos Sociais e ministro da Educação, Antonio da Conceição, do ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Gastão de Sousa e do ministro do Comércio, Industria e Ambiente, Constâncio Pinto.

Igualmente militantes do PD são o vice-ministro do Comércio, Nuno Pereira, e o secretário de Estado da Administração Estatal, Samuel Mendonça.

Recorde-se que desde as eleições de 2012 o Governo timorense era apoiado por uma coligação de três das quatro forças parlamentares, CNRT, PD e FM, com a Fretilin (segundo maior partido) a apoiar as linhas gerais da ação governativa, incluindo programa do Governo e orçamento.

Esse Bloco da Coligação, desde 2012, seguiu-se a uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) que apoiou o Governo entre 2007 e 2012.

Dionísio Babo, secretário-geral do CNRT, justifica em carta remetida à direção do PD, a que a Lusa teve acesso, que a relação entre os dois partidos se deteriorou desde a morte do antigo presidente do PD, Fernando La Sama de Araújo.

Babo, que é também ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça e ministro da Administração Estatal, argumenta que os novos dirigentes não têm respeitado o "compromisso" de La Sama com o CNRT, questionando declarações e posturas do PD, nomeadamente nos debates orçamentais e depois do veto do Presidente da República ao texto orçamental.

Posições, sublinha a carta, que "não defendem o espirito ou o interesse da coligação, uma situação que se agravou, sustenta, desde o polémico discurso que o chefe de Estado proferiu no Parlamento, no final de fevereiro, marcado por críticas aos dirigentes do CNRT, Xanana Gusmão, e da Fretilin, Mari Alkatiri.

Explica que a situação foi analisada a reunião da Comissão Política Nacional (CPN) do CNRT que considerou que o PD "deixou de obedecer ao compromisso alcançado no âmbito do Bloco da Coligação.

Uma das últimas polémicas entre os partidos ocorreu depois das bancadas do CNRT e da Fretilin terem defendido a criação de uma comissão eventual para investigar as declarações do chefe de Estado, Taur Matan Ruak que, entre outros aspetos, disse que a atual proximidade entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri só serviu para dar benefícios a familiares e amigos.

Um deputado do PD, Virgílio da Costa Hornai, questionou essa proposta, considerando que não se justificava porque além de o PR gozar de imunidade pode, sempre que o pretender, falar no Parlamento Nacional.

Instado a comentar a decisão, um dirigente do PD disse à Lusa que o assunto vai ser debatido este fim-de-semana pelo partido, rejeitando porém as críticas do CNRT, sublinhando que "uma coligação não significa que todos têm que dizer o mesmo".

"Cada um tem a sua posição e pode apresenta-la. Mas, no fundamental, sempre que foi requerido um voto, para o programa ou o orçamento, nós viabilizámos. Sempre fizemos isso", disse o dirigente.

"Consideramos absolutamente infundamentadas estas acusações", disse.

Ainda que este aspeto não tenha sido referido na carta do CNRT, dirigentes deste partido ouvidos pela Lusa admitem que há algum descontentamento pelo que consideram ser a proximidade e entre o PD e o Presidente da República e em particular o Partido de Libertação Popular (PLP), força política que poderá apoiar uma eventual candidatura de Taur Matan Ruak nas eleições legislativas.

Uma acusação rejeitada pelo dirigente do PD, que garante que "nunca houve qualquer contacto entre o PD e o PLP" e que a relação com o chefe de Estado é institucional e ocorre igualmente com as demais bancadas.

"A nossa posição no parlamento não foi de defesa do Presidente. Apenas dissemos que o que ocorre atualmente é um problema que envolve dois veteranos da luta e tem que ser resolvido pela vida do diálogo", disse.

"Estamos a ser afastados por outro motivo. Apenas porque não defendemos o presidente do CNRT", argumentou.

ASP // SO

Lusa/Fim
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