quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

QUEM TEM MEDO DA REFORMA DO MAJOR-GENERAL LERE ANAN TIMUR?

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Fidelis Magalhães- Cambridge, Massachusetts, 16 de Fevereiro de 2016

São evidentes para todos as razões por trás da polémica artificial criada pelos partidos com assento parlamentar em torno da decisão do Presidente da República de passagem do Major-General Lere Anan Timur à reforma. O Presidente da República sempre advogou a transição natural, progressiva e sob o controlo político da liderança das Forças Armadas. Deu o exemplo, em 2011, requerendo a sua própria exoneração do cargo de CEMGFA, para dar lugar ao agora Major-General Lere Anan Timur.

Com tantos problemas para resolver no nosso país, a pobreza, na educação ou na justiça, e no plano externo com tanta conflitualidade, o Parlamento nacional encontrou tempo para discutir a decisão do Presidente da República. O Parlamento não se preocupou com a situação de interinidade por abandono do poder político das Forças Armadas. Não se preocupou com uma proposta do Governo já depois de expirados os mandatos, que sempre se recusou a alterar. Nem se preocupou quando o Presidente estava em omissão da obrigação de nomear, só o criticando quando decide, apenas porque não segue o Governo.

Os deputados com assento parlamentar invocam uma disputa na interpretação da Constituição para tentar evitar que o General Lere passe à vida civil e volte a exercer integralmente os seus direitos de participação política. Invocam o respeito que merece o General, algo que o Presidente da República, que com ele lutou 24 anos, reconhece melhor do que ninguém. Mas invocam este “respeito” para manter o General Lere “preso” ao apartidarismo das Forças Armadas, para o impedir de regressar às fileiras políticas, onde ocupou lugares superiores até ao actual Presidente da República.

O General anunciou há mais de um ano a vontade de sair das Forças Armadas e passar à reforma. Isso fez logo tocar as sirenes no Quartel-General dos partidos políticos para que isso não aconteça nunca. Ameaçando mesmo o Presidente da República, o único que tomou uma decisão sobre o assunto. São os velhos hábitos de quem vive mal com a dissonância. Tudo isso com medo do que o General na vida civil possa fazer... Afinal quem tem medo da reforma do General?

Foto de Presidência da República de Timor-Leste, Facebook.
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