Díli, 18 nov (Lusa) - O Presidente da República timorense Taur Matan Ruak diz que não se vai recandidatar a um segundo mandato em 2017 mas não exclui uma possível candidatura como primeiro-ministro afirmando que quer continuar a servir o país.
"Presidente já não. Já disse. Não vim para permanecer no mesmo sítio. Depois fico farto e faço mal as coisas e começo a levar criticas. Vou ficar até ser corrido? Não quero. Por isso não quero voltar, já disse", afirmou, em entrevista à Lusa.
"Os outros candidatos, aqueles que se quiserem candidatar, que se preparem para 2017. Eu não. Agora vou ver o que devo fazer", sublinhou.
Taur Matan Ruak, que raramente concede entrevistas, conversou com a Lusa durante mais de uma hora, analisando os últimos 40 anos da vida de Timor-Leste e perspetivando o futuro, que pode incluir a sua candidatura ao Governo.
Conciliatório, evitando polémicas, parco nas críticas, cuidadoso nos comentários e sempre a procurar contextualizar tudo no curto espaço de vida de Timor-Leste independente, Taur Matan Ruak também não confirmou, apesar da insistência, se é ou não candidato.
Essa possibilidade tem vindo a ganhar consistência nos últimos 18 meses e, nas últimas semanas, começou mesmo a ser avançada a hipótese de que até final do ano, ou no início de 2016, seja formalmente apresentado um novo partido que apoiaria Taur Matan Ruak como primeiro-ministro.
Trata-se do Partido de Libertação do Povo (PLP) cujo logotipo começou a circular em novembro em algumas páginas online - circular, com uma estrela amarela e um papagaio de asas abertas - mas que, até ao momento, ainda não foi formalmente registado (este ano já nasceram três outras forças políticas).
Questionado diretamente sobre se está a formar algum partido, Taur Matan Ruak insiste que está concentrado na sua agenda e programa enquanto chefe de Estado e que "o tempo dirá" o que vai fazer.
"Mas não vou abandonar o meu país. Dei o meu melhor, vou continuar a dar e se calhar até morrer. O tempo dirá. É como diz: cada coisa tem o seu tempo. Está quase próximo. 2017 já não é longe, não? Está próximo", afirmou.
Sobre se gostava de ser primeiro-ministro, Taur Matan Ruak também se mostrou evasivo, afirmando que chefiar o Governo exige "ter uma maioria".
"Não é por querer que vou tornar-me PM. Tem que ser o mais escolhido e mais votado", disse, considerando que ainda não pensou se aceitaria, eventualmente, liderar um Governo de coligação, com o atual, liderado por Rui Araújo que não é do partido mais votado.
"Esta foi uma decisão política. Os partidos da coligação (do Governo) é que decidiram. O Rui (Maria de Araújo, primeiro-ministro), não pediu", afirmou.
O chefe de Estado também não clarificou quando espera anunciar a sua decisão, recordando que mesmo faltando pouco mais de um ano para as eleições de 2017, "nada é impossível".
"Quando me candidatei a Presidente todos nunca acreditavam. Não tinha base política, era desconhecido, um ateu que não percebe da política. Acabei por ser escolhido para Presidente da República. Portanto não é o impossível. Tudo é possível", afirmou.
Na altura, a sua candidatura contou com o apoio de Xanana Gusmão e na eventualidade de se candidatar a primeiro-ministro também gostava de voltar a ter esse apoio, "como o de todos os timorenses".
Insiste, porém, que acha isso improvável, recordando que "Xanana tem o seu partido", o CNRT, e que "um partido apoiar outro partido (...) não tem lógica nenhuma".
Seria, disse, "considerar Xanana um ingénuo e ele não é um ingénuo", sendo antes um líder de que Timor-Leste ainda precisa.
"Timor ainda precisa de todos. Sem exceção. E ele é da geração dos que entramos todos há 40 anos a trabalhar para Timor. Largar a meio do caminho, era o que faltava", disse.
"Este é um trabalho para a vida. É porque mesmo que Xanana abrisse agora uma empresa já não vai ser rico. Tem que gastar o tempo todo para o que se escolheu: ajudar timor a desenvolver-se", disse.
Sobre outro dos assuntos nos debates políticos atuais em Timor-Leste, as ambições políticas da sua mulher, Isabel da Costa Ferreira, o chefe de Estado considera normal essa vontade da primeira-dama de ter um papel mais executivo.
"Foi vice-ministra da justiça e é natural que isto aconteça. É direito de qualquer um. Não é coisa nova. Que sonhe. Agora: só conseguem os que são votados. Mas é bom que toda a gente no mundo sonhe", disse.
ASP // PJA
Lusa/Fim
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