Timor Hau Nian Doben - 04 de maio de 2015
O antigo comandante das Falintil e atual Presidente do Conselho de Revolução Maubere, Mauk Moruk, acabou de dizer ao Timor Hau Nian Doben que está cercado em Boleha, arredores de Laga, mas que não se vai render a "camelos bandidos".
"Estou cercado aqui em Boleha, estou cercado por milhares de membros da polícia e militares, que estão armados até aos dentes, mas eu não me vou render a estes camelos bandidos", disse.
"Eles querem-nos dizimar, querem matar-me, mas eu não me rendo. Render para quê? Da outra vez eles meteram-me na cadeia, eu não fiz nada contra a lei. Acusaram-me de ter trazido para Timor contentores com armas, eles revistaram tudo e não encontraram nada, mesmo assim mandaram-me para a cadeia durante nove meses. Não vou outra vez para a prisão, não me vou render a estes camelos", salientou.
Mauk Moruk acusou o Presidente da República, Taur Matan Ruak, de ser um bandido e um cavalo mandado de Xanana Gusmão e disse categoricamente que não vai negociar mais com o chefe de Estado.
"Não vou negociar mais com ele (Taur Matan Ruak), não quero mais nada com ele. Este é um bandido, um cavalo mandado do Xanana. Imagina tu que revistaram a casa do meu irmão (comandante L7) e a do Oan Kiak à minha procura, pensavam que eu estava em Díli mas eu não estou, estou aqui com os meus homens", declarou.
O Timor Hau Nian Doben foi há umas semanas testemunha de uma tentativa de dialogo por parte de um governante timorense, que por motivos de confidencialidade não podemos revelar o nome. Foi pedido à Zizi Pedruco que ela entrasse em contacto com Mauk Moruk e lhe dissesse para falar com determinada pessoa, assim ela o fez. Este blogue atesta que quem tentou dialogar com o antigo comandante das Falintil fê-lo com humildade, boa-fé e sem pré-condições, porém, a negociação foi recusada por Mauk Moruk.
O líder do CRM disse hoje que negociaria com as autoridades timorenses se desarmassem a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) bem como a Força de Defesa do país (F-FDTL) e se na mesa das negociações estivessem presentes organizações internacionais.
"Eu negoceio se houver intervenção internacional e se eles desarmarem a PNTL e a F-FDTL, porque estes homens não são profissionais, eles são os mentores dos crimes contra o povo. Nesta operação foi apenas o povo quem foi vitima e sofreu nas mãos da polícia e dos militares", disse.
"Isto é tudo jogadas do Xanana e do governo para que a ditadura prevaleça e Xanana continue a reinar", explicou.
Zizi Pedruco - O senhor comandante acusa o governo e também Xanana Gusmão mas o primeiro-ministro é o Rui Araújo. Pode-me explicar por favor o seu raciocínio?
Mauk Moruk aos risos - Rui Araújo é manipulado pelo Xanana. Ele (Xanana) diz que é apenas ministro mas é ele quem tem todo o poder. Ele abre a boca e diz "merda" e eles todos engolem a "merda" dele. O Xanana manda neles todos, é um bandido. Eles todos curvam-se perante ele, ele é um fascista, um militarista, um ditador.
Eu conheço bem o Rui Araújo, ele foi-me visitar quando eu estava no Hospital Militar na Indonésia, quando lá estive internado durante cinco anos. Se ele (Rui Araújo) tiver tomates tem de mandar o Xanana para a cadeia e ilibar-me porque eu estou inocente.Rui Araújo que atue com severidade e meta o Xanana na cadeia.
Quando o Calisto Gonzaga foi condenado ele disse que o Longuinhos Monteiro também devia de ser condenado e o Longuinhos disse que se ele fosse condenado, o Xanana Gusmão também devia de ser condenado.
O Xanana anda metido em muita coisa, tráfico de droga, prostituição e corrupção, é um bandido perigoso.
Zizi Pedruco - O Timor Hau Nian Doben sabe que o governo alega ter provas concretas contra o senhor comandante. Qual é a sua posição?
Mauk Moruk zangado - Que provas? Eles montaram informações para me acusarem. Isto tudo é uma operação de cosmética para me desacreditarem, é tudo mentira. Estive na cadeia preso durante nove meses e eles não conseguiram arranjar provas que me incriminassem. Eles querem calar-me, eles querem matar-me para poderem continuar a roubar ao povo.
A operação policial e militar para capturar Mauk Moruk iniciou em março e foi prolongada indefinidamente.
O bispo de Baucau, Dom Basílio do Nascimento, afirmou à comunicação local que lamentava a atuação do Comando da Operação Conjunta (COC) porque "eles estragaram as coisas do povo e bateram na população que não sabe de nada".
"As coisas do povo, como portas, janelas, panelas, pratos e mais outras coisas o COC pontapeou até ficarem aos pedaços, quando eles passaram revista às casas", disse Basílio do Nascimento.
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