Díli, 13 mai (Lusa) - A Amnistia Internacional (AI) denunciou hoje a detenção arbitrária e os maus-tratos de dezenas de pessoas durante a operação conjunta da polícia e forças armadas timorenses que decorre desde 23 de março na metade leste de Timor-Leste.
Num comunicado em que cita organizações não-governamentais timorenses, a AI diz que as detenções ocorreram no distrito de Baucau, a leste de Díli, "havendo preocupações sobre a segurança" dos detidos.
"As forças de segurança timorenses detiveram arbitrariamente e alegadamente torturaram ou maltrataram dezenas de indivíduos em Laga e Baguia nos últimos meses", explica o comunicado.
"Estes incidentes ocorreram como parte de uma série de operações de segurança conjuntas da polícia e das forças armadas para capturar Mauk Moruk (Paulino Gama) e os seus seguidores", refere.
Não foi possível à agência Lusa, até ao momento, obter uma reação do Governo timorense sobre a acusação da AI.
Em comunicados recentes, organizações timorenses, incluindo a Fundasaun Mahein (FM), relataram o que definem como "informação incrível de uma instituição credível" de que "o número de vítimas inocentes da operação conjunta está a aumentar".
Em concreto a FM refere que a operação, de nome código Hanita e com um custo que já ultrapassa os dois milhões de dólares, "se tem caracterizado pela agressão das forças de segurança".
"Vítimas inocentes estão a sofrer danos colaterais da operação Hanita: controlos nas estradas, verificações de identidade, revistas a casas, destruição de bens comunitários e cortar o cabelo a homens com cabelo comprido", refere a organização.
A AI refere que há documentados "dezenas de casos" de indivíduos, acusados de ser seguidores de Mauk Moruk, que foram "pontapeados e espancados repetidamente pelas forças de segurança, durante a sua detenção".
O Governo explicou em março que aprovou a operação conjunta entre as Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e a Polícia nacional de Timor-Leste (PNTL) para "prevenir e reprimir ações criminosas de grupos ilegais que estão a causar instabilidade no país".
Segundo as autoridades, esta operação conjunta é uma resposta aos ataques contra agentes da polícia ocorridos em Laga, a leste da capital, a 15 de janeiro, e em Baguia, a sudoeste de Díli, a 08 de março passados.
O Governo garantiu que as F-FDTL e a PNTL vão "atuar com profissionalismo e dentro das suas rigorosas e já estabelecidas regras de empenhamento de forma a responder a elementos de crime organizado, identificados, que têm como objetivo criar instabilidade no país".
ASP // JCS
Lusa/fim
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