Veterano na cobertura jornalística de Timor-Leste, o australiano
Ted McDonnell tem denunciado insistentemente a alegada corrupção no
jovem país.
E Xanana Gusmão, o herói da resistência aos indonésios, é um dos alvos deste jornalista, que passou pelas agências AFP e AAP, pelos jornais australianos The Australian, The Age e Sunday Telegraph e que é atualmente representado pela agência italiana de fotografias NurPhoto.
E Xanana Gusmão, o herói da resistência aos indonésios, é um dos alvos deste jornalista, que passou pelas agências AFP e AAP, pelos jornais australianos The Australian, The Age e Sunday Telegraph e que é atualmente representado pela agência italiana de fotografias NurPhoto.
PLATAFORMA MACAU - Como é que a corrupção afeta a construção de um Estado democrático em Timor-Leste?
TED MCDONNELL – A
corrupção erode a confiança na sociedade. A corrupção em Timor-Leste tem
sido predominante na última metade da década, pelo menos. A elite
política tornou-se incrivelmente próspera, enquanto a maioria dos 1.1
milhões de timorenses vive com menos de um dólar por dia. Por isso, a
má-nutrição, pobreza, a inexistência de um sistema de saúde afetam as
famílias timorenses enquanto a elite política vive como monarcas.
P.M. – Recentemente,
descreveu Xanana Gusmão como uma espécie de “padrinho” no processo de
corrupção em Timor-Leste. Como chegou a essa conclusão?
T.M. – A meu ver e
no de muitos timorenses, Gusmão passou de combatente pela liberdade a
homem de muitas contradições. Ele ofereceu ao seu sobrinho centenas de
milhões [de dólares] em contratos de petróleo. A sua filha, de um
primeiro casamento [obteve] uma míriade de contratos e assegurou-se que a
restante família esteja muito confortável. Ele também deu algums passos
para proteger corrupção e nepotismo no seu governo. Emília Pires, a sua
escolha pessoal para ministra das Finanças, foi indiciada de corrupção.
No entanto, ela ainda não viu o interior de um tribunal porque Gusmão
intimidou o governo e outros parlamentares sem poder para expulsar os
conselheiros estrangeiros do sistema judicial e anti-corrupção.
Expulsando-os, ele colocou mais uma vez um escudo em torno daqueles que
no governo, incluindo Emília Pires, estiveram envolvidos em alegada
corrupção. Pior, de cada vez que alguém levanta a questão da corrupção,
Gusmão intimida e ameaça. Tornou-se num déspota.
P.M. – Quais os fatores que conduziram a esta situação?
T.M. – Os negócios
em Timor estão afundados em luvas e acordos corruptos, no que é uma
infeliz herança dos tempos da ocupação indonésia. É uma das razões pela qual muitos empresários australianos e
estrangeiros não ponderam fazer negócios em Timor-Leste por não estarem
dispostos a pagar luvas a funcionários corruptos. É bom ver empresas,
como a [cervejeira holandesa] Heineken a anunciarem a intenção de
investirem em Timor-Leste, espero que o negócio resulte e que se torne
num bom criador de empregos locais.
P.M. – Há esperança num país sem corrupção?
T.M. – Há muita
esperança para os timorenses e a principal razão reside no seu povo. Os
timorenses sofreram demasiado mas são um povo feliz e sossegado. Eles
têm que se livrar deste governo e do “ditador popular”. Uma vez Xanana
fora e os elementos corruptos do seu governo tenham enfrentado os
tribunais, Timor-Leste tem um futuro promissor. Além da corrupção, há
ainda a chamada maldição dos recursos, que paira sobre Timor-Leste
devido à má governação e a políticas desajustadas. As eleições de 2017
vão decidir o futuro de Timor-Leste e decidir o destino da maldição dos
recursos. O ato vai decidir se Timor-Leste acabará num caso perdido à
nascença, como Nauru.
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