Jornal Expresso |
O
primeiro-ministro de Timor-Leste disse hoje que decidiu expulsar
magistrados porque os responsáveis pelo setor judicial timorense não
acataram a resolução que determinava a suspensão dos contratos e a
realização de uma auditoria ao setor.
Xanana Gusmão, em
entrevista exclusiva à agência Lusa, disse que « não entenderam». O
chefe do executivo admitiu que a decisão de expulsar os magistrados foi
tomada depois do Conselho Superior de Magistratura timorense não ter
acatado a resolução e ter ordenado aos magistrados que se mantivessem em
funções.
«Nós pensamos que as pessoas podiam ter compreendido a
resolução do parlamento nacional, que não foi um documento de três
frases. Foi longa o suficiente para as pessoas compreenderem as
preocupações do Estado timorense», disse, sublinhando que as pessoas
«bem-intencionadas» teriam percebido a gravidade da situação.
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Os motivos de «força
maior» e de «interesse nacional» invocados pelas autoridades timorenses
nas resoluções referem-se a 51 processos no tribunal no valor de 378
milhões de dólares de impostos e deduções ilícitas que as empresas
petrolíferas devem ao país, acrescentou.
«Em 16 casos já julgados, o Estado perdeu todos», disse Xanana Gusmão, explicando que foram perdidos 35 milhões de dólares.
«É
que verificámos erros inadmissíveis. E aqui coloca-se o problema das
competências. Se tivéssemos tido uma cooperação, dizem sempre que os
tribunais são independentes, estão acima da lua, as coisas não se tinham
levantado tanto assim», explicou.
O primeiro-ministro timorense
disse também que a resolução do parlamento não visava todos os
internacionais, apenas os que pegaram nos casos com as petrolíferas.
«Os
erros foram tantos, foram tão inadmissíveis que paramos para não
influenciar o processo, porque estamos em recurso para recuperarmos o
dinheiro que é nosso», afirmou.
Para Xanana Gusmão todo o futuro do país depende daquelas resoluções.
«Eu
aceitaria se perdêssemos porque não apresentámos bem os factos ou não
temos visão. Não aceito por irregularidades, negligência e, talvez diga
má-fé, por parte de alguns atores, que nos fazem perder os processos»,
afirmou.
Na entrevista, o primeiro-ministro timorense lamentou que
em Portugal tenham pensado que as suas decisões tivessem sido
relacionadas com uma onda «anti-Portugal» e salientou que só tomou
aquelas medidas porque o tempo escasseia e não queria que os processos
em causa ou ainda em andamento viessem «a ser contaminados».
«Houve
sete casos assinados por um magistrado, que eram "copy paste" só havia
diferença na quantia de dinheiro e depois outros dois assinados por
timorenses também. Porque era o processo de ensino que se estava a
fazer. Fazem uma cópia, não veem factos», disse.
«Eu não tenho o
direito de dizer que isto é incompetência, que nos faz perder dinheiro
do Estado? Tudo junto são 35 milhões que perdemos só por causa disso»,
disse, insistindo que vai reestruturar o setor da justiça no país.
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