Rádio Renascença - 05 de novembro de 2014
Passos Coelho lamenta profundamente a decisão do Governo de Timor-Leste e
confirma o fim da cooperação entre os dois países na área judicial.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho lamenta "profundamente" que o
Governo de Timor-Leste tenha decidido expulsar em 48 horas sete
magistrados portugueses, apesar das várias trocas de informação entre os
dois países, antes da tomada de decisão.
"Acredito genuinamente
no interesse por parte do Governo de Timor-Leste de preservar boas
relações com Portugal. Mas como se costuma dizer: 'amigos, amigos,
negócios à parte'", disse esta terça-feira em declarações aos
jornalistas. "Somos muito amigos de Timor mas há limites que não podem
ser ultrapassados", acrescenta.
O primeiro-ministro explicou que
uma coisa é "haver uma insatisfação com o desempenho dos magistrados
portugueses em Timor-Leste, e o Governo está no seu direito de fazer
essa avaliação", outra "muito diferente, é a de os expulsar."
Passos
Coelho disse ainda que trocou várias "impressões por escrito" com Xana
Gusmão, na tentativa de impedir "um desfecho destes", que tem
consequências na área judicial.
"As decisões [que o Governo
timorense] tomou tornam impraticável a cooperação com Portugal na área
judicial. A nossa posição é a de que essa cooperação cessa
imediatamente, todos os envolvidos deverão regressar e no futuro o
retomar dessa cooperação vai precisar de uma avaliação muito profunda",
disse.
O primeiro-ministro timorense explicou esta quarta-feira que as expulsões deveram-se a incumprimento de ordens do Governo
e pediu para "reduzirem um bocado a emoção com que se expressam".
“Entendam que não é nada contra Portugal, não é nada contra os
portugueses que estão aqui e não só portugueses, porque não são só
portugueses" visados na resolução, disse em entrevista exclusiva à
agência Lusa.
Xanana Gusmão revelou que os motivos de "força
maior" e de "interesse nacional" invocados pelas autoridades timorenses
nas resoluções referem-se a 51 processos no tribunal no valor de 378
milhões de dólares de impostos e deduções ilícitas que as empresas
petrolíferas devem ao país.
O Governo de Timor-Leste ordenou na
segunda-feira a expulsão, no prazo de 48 horas, de oito funcionários
judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano. No dia 24 de Outubro, o
parlamento timorense tinha aprovado uma resolução a determinar uma
auditoria ao sistema judicial do país e a suspender os contratos com
funcionários judiciais internacionais "invocando motivos de força maior e
a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional".
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