quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Manter imunidade de governantes visa proteger o país - Xanana

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Díli, 05 nov (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense justificou hoje o pedido que fez ao parlamento para que não seja levantada a imunidade aos membros do seu Governo até final do mandato com a necessidade de proteger os interesses do país e não evitar que se faça justiça.

"O não levantamento da imunidade é apenas para dizer para nos darem tempo para trazermos mentores de Portugal para ajudar. Não levantar a imunidade não é pedir ao tribunal para arquivar o processo", explicou Xanana Gusmão, em entrevista exclusiva à agência Lusa.

"Estamos a pedir este tempo, que nos vais permitir fazer os contactos, chamar as pessoas corretas, com experiências em julgamentos. Não disse para se arquivar, não disse arquivem tudo, destruímos tudo", acrescentou o primeiro-ministro timorense.

Questionado sobre se este pedido estava relacionado com o julgamento da atual ministra das Finanças, Emília Pires, que está a ser investigada pelo Ministério Público por alegada participação económica em negócio, Xanana Gusmão respondeu que não tem de defender a ministra.

"As minhas decisões neste momento não são para proteger a Emília, é para proteger os 370 milhões [de dólares] e para dizer às companhias petrolíferas para não brincarem comigo, não pensem que estamos cegos", afirmou Xanana Gusmão, referindo-se ao valor que as empresas petrolíferas devem ao país, processos que estão a decorrer nos tribunais.

O julgamento de Emília Pires foi adiado "sine die" a 27 de outubro porque o parlamento não levantou a imunidade e esta decisão foi conhecida no mesmo dia em que se tornou pública a resolução do parlamento nacional a suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais, oito dos quais acabaram por ser expulsos do país, sete portugueses e um cabo-verdiano, e a determinar uma auditoria ao setor da justiça.

Xanana Gusmão reforçou que não tem que defender a ministra das Finanças e recordou que no anterior Governo vários membros foram responder à justiça.

"Só depois de a Lúcia (Lobato, ex-ministra da Justiça) ter apanhado por 4 mil dólares cinco anos de prisão é que me expressei. Eu não impedi no Governo anterior nenhum membro de ir responder", disse.

Segundo o primeiro-ministro, o atual processo é "bastante complicado" e as coisas aconteceram de repente e "ligaram-se por casualidade e não por intenção".

MSE // VM
Lusa/Fim
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