Díli, 05 nov (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense justificou hoje o
pedido que fez ao parlamento para que não seja levantada a imunidade
aos membros do seu Governo até final do mandato com a necessidade de
proteger os interesses do país e não evitar que se faça justiça.
"O não levantamento da imunidade é apenas para dizer para nos darem
tempo para trazermos mentores de Portugal para ajudar. Não levantar a
imunidade não é pedir ao tribunal para arquivar o processo", explicou
Xanana Gusmão, em entrevista exclusiva à agência Lusa.
"Estamos a pedir este tempo, que nos vais permitir fazer os
contactos, chamar as pessoas corretas, com experiências em julgamentos.
Não disse para se arquivar, não disse arquivem tudo, destruímos tudo",
acrescentou o primeiro-ministro timorense.
Questionado sobre se este pedido estava relacionado com o julgamento
da atual ministra das Finanças, Emília Pires, que está a ser investigada
pelo Ministério Público por alegada participação económica em negócio,
Xanana Gusmão respondeu que não tem de defender a ministra.
"As minhas decisões neste momento não são para proteger a Emília, é
para proteger os 370 milhões [de dólares] e para dizer às companhias
petrolíferas para não brincarem comigo, não pensem que estamos cegos",
afirmou Xanana Gusmão, referindo-se ao valor que as empresas
petrolíferas devem ao país, processos que estão a decorrer nos
tribunais.
O julgamento de Emília Pires foi adiado "sine die" a 27 de outubro
porque o parlamento não levantou a imunidade e esta decisão foi
conhecida no mesmo dia em que se tornou pública a resolução do
parlamento nacional a suspender os contratos com funcionários judiciais
internacionais, oito dos quais acabaram por ser expulsos do país, sete
portugueses e um cabo-verdiano, e a determinar uma auditoria ao setor da
justiça.
Xanana Gusmão reforçou que não tem que defender a ministra das
Finanças e recordou que no anterior Governo vários membros foram
responder à justiça.
"Só depois de a Lúcia (Lobato, ex-ministra da Justiça) ter apanhado
por 4 mil dólares cinco anos de prisão é que me expressei. Eu não impedi
no Governo anterior nenhum membro de ir responder", disse.
Segundo o primeiro-ministro, o atual processo é "bastante complicado"
e as coisas aconteceram de repente e "ligaram-se por casualidade e não
por intenção".
MSE // VM
Lusa/Fim
,
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.