sexta-feira, 18 de julho de 2014

ONG timorense diz que obras em Díli afetam subsistência da população

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Díli, 18 jul (Lusa) - A organização não-governamental timorense Fundação Mahein criticou hoje as obras realizadas nos últimos meses em Díli para a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que estão a afetar a subsistência económica de muitas pessoas.

"Isto tem causado a frustração e raiva de muitas pessoas que não conseguem passar em sítios onde podiam e de motoristas que ficam presos em engarrafamentos. Muitas empresas têm sido afetadas pelas obras, que provocaram uma redução do tráfego, bloqueios de estradas e desvios, bem como cortes de energia que reduzem a capacidade de fazer negócio", afirmou em comunicado a Fundação Manhein.

Segundo a Fundação Mahein, têm existido "cortes de energia diários que chegam a quatro horas e que impedem as pessoas de trabalhar".

"A Fundação Mahein também questiona a necessidade de algumas obras realizadas para preparar Díli para a cimeira da CPLP, nomeadamente a criação de um parque no meio de uma rotunda que parece ter muito pouco uso prático e não justificou meses de engarrafamentos desnecessários", referem no comunicado.

No documento, a organização não-governamental timorense critica igualmente a mudança de alguns mercados instalados no centro de Díli, que provocou um "efeito muito real na subsistência económica das pessoas só para os ministros da elite não se incomodarem com a visão das pessoas a tentarem ganhar a vida".

"Estes preparativos para a CPLP claramente tiveram um impacto na segurança económica das muitas pessoas que vivem em Díli", sublinha a organização não-governamental.

A Fundação Mahein criticou igualmente o destacamento de polícias dos distritos para a capital, sublinhando que muitos locais ficaram com falta de elementos das forças de segurança.

"A Fundação Mahein entende perfeitamente que para que Timor-Leste se possa tornar numa nação próspera os projetos de desenvolvimento precisam de se fazer, no entanto, acredita que é para as pessoas comuns que o desenvolvimento precisa de acontecer em vez de ser feito para impressionar alguns ministros estrangeiros de elite que vêm apenas para uma semana de conferência", concluiu.

A organização não-governamental disse ainda esperar que após a cimeira da CPLP o governo seja capaz de continuar a fazer um esforço para o desenvolvimento da capital de Timor-Leste e para a população, mas de uma forma planeada e segura que inconvenientes mínimos para as pessoas.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo, a realizar no dia 23, e que vai ficar marcada pelo regresso da Guiné-Bissau à organização, depois de ter sido suspensa na sequência do golpe de Estado de 2012, e pela possível entrada da Guiné Equatorial.

Em Díli, vão estar os chefes de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, Moçambique, Armando Guebuza, e de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e também da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang. Angola vai estar representada pelo vice-presidente, Manuel Vicente, e a Guiné-Bissau pelo primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, também vai participar na cimeira da CPLP e realizar uma visita oficial entre os dias 24 e 25.

O Brasil vai estar representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Alberto Figueiredo Machado.

MSE // JPS
Lusa/Fim
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