Díli, 18 jul (Lusa) - A organização não-governamental timorense
Fundação Mahein criticou hoje as obras realizadas nos últimos meses em
Díli para a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que
estão a afetar a subsistência económica de muitas pessoas.
"Isto tem causado a frustração e raiva de muitas pessoas que não
conseguem passar em sítios onde podiam e de motoristas que ficam presos
em engarrafamentos. Muitas empresas têm sido afetadas pelas obras, que
provocaram uma redução do tráfego, bloqueios de estradas e desvios, bem
como cortes de energia que reduzem a capacidade de fazer negócio",
afirmou em comunicado a Fundação Manhein.
Segundo a Fundação Mahein, têm existido "cortes de energia diários
que chegam a quatro horas e que impedem as pessoas de trabalhar".
"A Fundação Mahein também questiona a necessidade de algumas obras
realizadas para preparar Díli para a cimeira da CPLP, nomeadamente a
criação de um parque no meio de uma rotunda que parece ter muito pouco
uso prático e não justificou meses de engarrafamentos desnecessários",
referem no comunicado.
No documento, a organização não-governamental timorense critica
igualmente a mudança de alguns mercados instalados no centro de Díli,
que provocou um "efeito muito real na subsistência económica das pessoas
só para os ministros da elite não se incomodarem com a visão das
pessoas a tentarem ganhar a vida".
"Estes preparativos para a CPLP claramente tiveram um impacto na
segurança económica das muitas pessoas que vivem em Díli", sublinha a
organização não-governamental.
A Fundação Mahein criticou igualmente o destacamento de polícias dos
distritos para a capital, sublinhando que muitos locais ficaram com
falta de elementos das forças de segurança.
"A Fundação Mahein entende perfeitamente que para que Timor-Leste se
possa tornar numa nação próspera os projetos de desenvolvimento precisam
de se fazer, no entanto, acredita que é para as pessoas comuns que o
desenvolvimento precisa de acontecer em vez de ser feito para
impressionar alguns ministros estrangeiros de elite que vêm apenas para
uma semana de conferência", concluiu.
A organização não-governamental disse ainda esperar que após a
cimeira da CPLP o governo seja capaz de continuar a fazer um esforço
para o desenvolvimento da capital de Timor-Leste e para a população, mas
de uma forma planeada e segura que inconvenientes mínimos para as
pessoas.
Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a
cimeira de chefes de Estado e de Governo, a realizar no dia 23, e que
vai ficar marcada pelo regresso da Guiné-Bissau à organização, depois de
ter sido suspensa na sequência do golpe de Estado de 2012, e pela
possível entrada da Guiné Equatorial.
Em Díli, vão estar os chefes de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos
Fonseca, São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, Moçambique, Armando
Guebuza, e de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e também da Guiné
Equatorial, Teodoro Obiang. Angola vai estar representada pelo
vice-presidente, Manuel Vicente, e a Guiné-Bissau pelo
primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, também vai
participar na cimeira da CPLP e realizar uma visita oficial entre os
dias 24 e 25.
O Brasil vai estar representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Alberto Figueiredo Machado.
MSE // JPS
Lusa/Fim
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