A próxima cimeira de chefes de Estado e de governo da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) terá lugar dia 23 de julho, em Díli, e
tudo aponta para que, nessa data, a Guiné Equatorial possa tornar-se
membro de pleno direito da Comunidade.
Com o estatuto de país observador
desde 2006, a Guiné Equatorial tem vindo a tomar medidas que facilitem a
sua entrada na CPLP, sendo disso exemplo a instituição, em 2010, do
português como terceira língua oficial do país, sendo este um dos
requisitos para aderir à CPLP, e pese embora a língua não ter presença
relevante naquele país.
Outro exemplo, é uma moratória sobre a pena de
morte, outro requisito essencial para a adesão à CPLP. Apesar desta
moratória, diversas organizações internacionais, nomeadamente a Amnistia
Internacional, alertam para o facto de que pelo menos quatro pessoas
foram executadas no ano de 2014.
Juntamente com as recentes revelações
sobre a tortura a presos políticos, nacionais e estrangeiros, no país,
estas notícias vêm confirmar o que já era suspeita geral: quer as
mudanças na Guiné Equatorial sejam a nível linguístico ou de direitos
humanos, são meramente cosméticas. Teodor Obiango precisa da CPLP como
disfarce em relação ao seu crescente isolamento. Cabe aos países membros
da CPLP não deixarem instrumentalizar a sua organização para a
legitimação de um ditador a prazo.
A CPLP deve pautar-se por princípios de democracia e pelo respeito
pelos direitos humanos. É inaceitável que em troca de eventuais
benefícios económicos se fechem os olhos a atropelos aos direitos dos
cidadãos.
Embora os Ministros de Negócios Estrangeiros da CPLP tenham,
em fevereiro de 2014, recomendado a adesão da Guiné Equatorial como
membro de pleno direito da CPLP, o LIVRE junta-se ao apelo feito numa carta aberta publicada a 23 de junho e assinada por diversas
personalidades dos países de língua oficial portuguesa, e exige que a
adesão da Guiné Equatorial não seja autorizada até que se verifiquem as
práticas democráticas e de respeito pelos direitos humanos que devem
pautar a ação da CPLP.
A afirmação da CPLP e, consequentemente, da língua portuguesa, não
deve ser feita à custa do sofrimento de cidadãos, independentemente do
país onde vivam.
A CPLP deve, pelo contrário, funcionar como prova do
cumprimento de princípios democráticos e de respeito pelos Direitos
Humanos, pelo que a recusa, neste momento, da adesão da Guiné Equatorial
mostrará que os países da lusofonia estão empenhados em defender esses
princípios.
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