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Tiago Pimentel - Público
A participação de Portugal no Mundial 2014 arranca frente à Alemanha. A
selecção inicia a oitava participação consecutiva numa fase final de
grandes competições mas Paulo Bento jogou à defesa e avisou a equipa que
vai ser preciso sofrer.
A selecção portuguesa deixou três impressões fortes na véspera do
duelo com a Alemanha, da primeira jornada do Grupo G do Mundial 2014: a
primeira foi de falta de pontualidade, a segunda de irritabilidade e a
terceira de optimismo. O treino da equipa nacional no Arena Fonte Nova
começou com mais de 20 minutos de atraso, a que se somou depois uma
espera superior a uma hora pela conferência de imprensa de Paulo Bento e
Cristiano Ronaldo.
Na hora de falar aos jornalistas, o técnico não
escondeu a irritação com o que terão sido fugas de informação durante o
estágio que Portugal realizou nos EUA. A nota positiva chegou pela voz
do capitão da selecção, que confessou sentir que “este ano vai ser o ano
de Portugal”. Um pressentimento para conferir nesta segunda-feira (17h,
RTP1).
Portugal inicia a oitava participação consecutiva numa
fase final de grandes competições frente à Alemanha, selecção com a qual
já se cruzou no Mundial 2006, Euro 2008 e Euro 2012 – sempre com o
mesmo resultado: derrota. “O normal, contra uma equipa como a Alemanha, é
que em algumas fases do jogo passemos por momentos em que é preciso
sofrer e ser mais solidário. É importante não perdermos o controlo
emocional”, sublinhou Paulo Bento.
Mas estas palavras do
seleccionador nacional foram um caso de “faz o que eu digo, não faças o
que eu faço”. O técnico não escondeu a irritação quando as perguntas
foram sobre a equipa que alinhará de início ou qual a opção para o
centro do ataque. “Decidirei a equipa ainda hoje, mas se quiserem
sabê-la é melhor comprarem um [jornal] generalista. Sabem de certeza,
até antes dos jogadores”, atirou Paulo Bento, referindo-se
particularmente ao jogo que Portugal fez nos EUA com a República da
Irlanda.
Mais
calmo, o técnico discordou que a presença de Cristiano Ronaldo na
equipa aumente as aspirações da selecção portuguesa ao título: “Não é
por termos o melhor do mundo que temos de ser campeões do mundo. A
pressão que colocamos a nós próprios já nos chega: queremos atingir os
oitavos-de-final e depois competir da melhor maneira com as outras
equipas”. E criticou o horário do jogo, marcado para as 13h em Salvador.
“Acho que já se podia ter aprendido com o Mundial 1994 nos EUA. É um
prejuízo fazer jogos nestes horários e com temperaturas muito elevadas”,
frisou.
“Onda positiva”
Num registo diferente, Cristiano Ronaldo confessou estar muitíssimo confiante para este Mundial. O internacional português esteve no centro das atenções e garantiu que os problemas físicos que marcaram o final de temporada ao serviço do Real Madrid já estão ultrapassados, embora tenha admitido que sempre sentiu dores: “Desde que jogo futebol que não há um jogo em que não tenha dores. São ossos do ofício. Estou preparado, estou bem e com muita vontade de fazer um bom Mundial”. Mas acrescentou: “Se sentir um problema durante o jogo serei o primeiro a dizer. Não vou colocar em risco a minha condição física e a minha carreira”.
“Sinto uma onda
positiva à volta da selecção de Portugal. Sinto que as coisas vão
correr bem. Amanhã [hoje] vamos entrar com o pé direito”, revelou
Cristiano Ronaldo, que desvalorizou o saldo negativo da selecção
portuguesa com a Alemanha (a última vitória foi há 14 anos e num
histórico de 20 encontros metade acabou em derrota). “O Real Madrid
também não ganhava ao Bayern Munique há muitos anos e isso mudou. Este
ano vai ser o ano de Portugal. Estou convicto que amanhã será a
mudança”, disse.
Apesar de ser o detentor do prémio de melhor do
mundo, Cristiano Ronaldo minimizou a importância do papel que desempenha
na selecção: “Um jogador não faz uma equipa. Estou na selecção para
ajudar, sou mais um jogador. Posso fazer a diferença em muitos jogos,
mas não carrego a equipa às costas”. “Vamos jogar contra um dos
favoritos a ganhar o Mundial, que respeitamos bastante, mas temos as
nossas armas. Não estamos no lote das [equipas] favoritas, o que é bom
para nós. A Alemanha é muito forte, mas dentro de campo não temos de ter
respeito a ninguém”, notou ainda o internacional português.
Nas
cinco anteriores participações em Mundiais, Portugal obteve três
vitórias, um empate e uma derrota (em 2002) no jogo de estreia. A
próxima etapa joga-se em Salvador.
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