sexta-feira, 30 de maio de 2014

Especialistas defendem maior investimento para reduzir raquitismo em Timor-Leste

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Lisboa, 29 mai (Lusa) -- O raquitismo nas crianças com menos de cinco anos está a diminuir em Timor-Leste mas os especialistas advertem que é necessário investir mais em suplementos vitamínicos, iodização do sal e educação das mães.

"Acima de tudo, é importante que olhemos para Timor-Leste como um caso de sucesso", disse Hongwei Gao, representante timorense junto da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no país, ao IRIN, serviço de notícias e análise humanitária que cobre partes do mundo frequentemente isoladas, incompreendidas ou ignoradas.
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Num relatório de 2013, a UNICEF apontou Timor-Leste como o país do mundo com a maior percentagem de crianças com menos de cinco anos cujo desenvolvimento físico está moderada ou gravemente afetado (58 por cento), apenas equiparado ao Burundi.

Uma análise preliminar de um inquérito nutricional organizado em 2014 pela UNICEF e pelo Governo timorense mostra que esse indicador caiu (ou seja, melhorou) para 52 por cento.

O raquitismo é reflexo da subnutrição crónica durante os períodos mais críticos do crescimento e desenvolvimento no início da vida, especialmente nos primeiros três anos.

As crianças raquíticas correm maiores riscos de doença, morte e atraso no desenvolvimento cognitivo.
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"O facto de o raquitismo estar em queda nos últimos anos é um bom sinal -- esperamos, nos próximos cinco anos, conseguir reduzi-lo a 40 por cento", disse João Bosco, que dirige o departamento de nutrição do ministério da Saúde de Timor-Leste.

Para atacar o raquitismo, o Governo de Timor-Leste, país com 1,1 milhões de habitantes, definiu uma Estratégia de Nutrição Nacional em 2004 e reviu-a em 2012 para promover mudanças comportamentais que melhorassem a alimentação, tais como o programa de alimentação de bebés e crianças pequenas, educação, suplementos vitamínicos, tratamento de crianças gravemente subnutridas e um programa de iodização do sal.

"Na luta para melhorar a nutrição, existem muitos fatores -- incluindo o acesso a alimentos nutritivos e de qualidade, os hábitos de higiene adequados, ter cuidados de saúde básicos de boa qualidade, e boa água, saneamento e desparasitação", explicou Gao.

"As pessoas falam das fracas habilitações de Timor-Leste, mas se não se investir em habilitações humanas agora, dir-se-á a mesma coisa daqui a 20 anos", prosseguiu, acrescentando "não ser claro qual destes fatores desempenhou o maior papel na redução do raquitismo em Timor-Leste".

Mas, na opinião do responsável, "o mais importante é que todos eles sejam encarados como componentes cruciais e o Governo deveria começar a investir em cada um deles".

Rosária Martins da Cruz, diretora da Hiam Health, uma organização não-governamental sediada em Dili que gere um centro de reabilitação e alimentação, observou: "Se essas novas percentagens são verdadeiras, porque é que eu continuo a ver as minhas instalações cheias de crianças escanzeladas? E o que significa um persistente nível elevado de raquitismo para o futuro deste orgulhoso país independente?".

Para a responsável, a permanente luta de Timor-Leste contra a subnutrição é uma tragédia ancorada na desigualdade.

"Eu digo às mães que exigir acesso às informações e aos serviços para criar uma criança bem nutrida faz parte de se ser um cidadão deste país com os mesmos direitos", defendeu.

"Assegurarmo-nos de que o raquitismo acaba neste país é um passo em direção à igualdade na sociedade e o Governo deve começar a levar isso a sério -- isto deveria deixar de ser financiado por doadores e passar a sê-lo com dinheiro timorense", argumentou.

Uma análise do Banco Mundial mostrou que a subnutrição e o raquitismo podem ter impacto no Produto Interno Bruto (PIB), ao contribuírem para piores resultados escolares e despesas mais elevadas com os cuidados de saúde ao longo da vida, entre outros fatores.

"A boa nutrição é um alicerce básico do capital humano", sustentou a instituição.

ANC // APN
Lusa/fim
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