Díli, 12 mar (Lusa) - O líder do Conselho de Revolução Maubere, Mauk
Moruk, acusou hoje a Polícia Nacional de Timor-Leste de ter atuado com
brutalidade durante a operação realizada na segunda-feira em Laga, a
leste de Baucau, num acantonamento daquele grupo.
"Eles foram lá com aquela brutalidade, com aquela força de todos os
tamanhos e calibre, com armas de todo o tipo. As armas mais sofisticadas
que estão a utilizar na polícia, mas para quê aquelas armas? É para
comer, é que o povo está faminto, precisa de comida, bebida,
medicamentos", afirmou, em conferência de imprensa, o antigo comandante
das Brigadas Vermelhas da resistência timorense.
Questionado pela agência Lusa sobre se os homens reunidos no
acantonamento reagiram à presença da polícia, Mauk Mouk disse: "Claro
que reagiram, se foram para nos matar não há outra alternativa, quem nos
dá recebe o mesmo".
"Mas é pena que não tínhamos armas, como os outros inventavam no
parlamento, senão era o fim da macacada deles todos", salientou,
acrescentando que também não era isso que queriam porque a sua revolução
é pacífica.
Sobre o facto de elementos do seu grupo terem lançado uma bomba
artesanal, Maruk Moruk respondeu: "Soube que um oficial que estava em
cima de uma viatura e ameaçou com uma granada o pessoal, que respondeu
com gritos de fúria e de desprezo. Uma granada defensiva das forças de
segurança, ele estava a brincar com aquilo e depois aquilo caiu e o
homem foi atrás e aquilo explodiu".
"Agora vêm acusar-nos de que fomos os primeiros a atirar. Mentira", gritou Mauk Moruk.
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O antigo comandante timorense confirmou elementos do grupo que lidera
cortaram a estrada "com a colaboração do povo em geral" e também que
duas pessoas foram detidas.
"Ouvi dizer que foram maltratados em Baucau e já pedi aos advogados
para seguirem. Os casos estão entregues aos nossos advogados", disse.
Nas declarações aos jornalistas, Mauk Moruk considerou ainda que a
violência é "inaceitável em qualquer parte do mundo", garantindo que vai
continuar os procedimentos judiciais para registar a sua organização.
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A operação da polícia ocorreu no âmbito da resolução aprovada na
semana passada pelo parlamento timorense que condena o que considera
serem tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas
pelo Conselho de Revolução Maubere, liderado por Mauk Moruk, e pelo
Conselho Popular da Defesa (Democrático) da República de Timor-Leste
(CPD-RDTL).
Para implementar a resolução do parlamento, a polícia timorense está a
pedir aos membros daqueles dois grupos para cessarem atividades, para
cooperarem e entregarem as suas fardas militares e entregarem-se às
forças de segurança.
Os dois grupos são acusados pelo parlamento de realizarem paradas
militares, recolherem ilegalmente dinheiro junto das pessoas e ameaçarem
e fazerem acusações contra as autoridades do Estado.
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Segundo a polícia, durante a operação em Laga foram detidas duas
pessoas e a explosão de uma bomba artesanal provocou ferimentos num
polícia.
O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak,
que após a restauração da independência realizou várias manifestações em
Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem
como a saída das organizações internacionais.
Em março de 2013, o Governo timorense já tinha acusado o CPD-RDTL de
violar a lei e desrespeitar os direitos humanos, nomeadamente através da
ocupação de terras particulares, públicas e da comunidade.
Na semana passada, a polícia ocupou a sede daquele grupo em Díli.
Mauk Moruk é o antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das
FALINTIL, que abandonou a guerrilha em 1985. Segundo o próprio, entre
1985 e 1990 esteve internado no hospital militar de Jacarta, tendo
depois seguido para Portugal e daí para a Holanda.
O ex-comandante regressou a Timor-Leste em outubro e criou o Conselho
de Revolução Maubere, que exige a dissolução do parlamento, a demissão
do Governo, a convocação de eleições, a restauração da Constituição de
1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.
MSE // VM
Lusa/Fim
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