Díli, 18 set (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana
Gusmão, afirmou hoje que o sistema financeiro mundial fracassou e é um
problema para o crescimento económico sustentável, que se deve traduzir
no aumento do bem-estar social das pessoas.
"O sistema financeiro mundial é uma parte fundamental deste problema,
visto que perpetua e reforça a desigualdade. Acho que podemos afirmar
de modo convicto que o mercado livre financeiro global fracassou",
afirmou o chefe do governo timorense.
Xanana Gusmão falava na sessão de abertura da Conferência de Alto
Nível dedicada ao tema "Transformando a Riqueza dos Recursos Naturais em
Crescimento Inclusivo e Desenvolvimento Económico", que decorre até
quinta-feira em Díli.
"A crise financeira global veio expor a ineficiência, a ganância
descontrolada e a corrupção sistemática que grassam no mundo das
finanças", disse Xanana Gusmão.
Segundo o chefe do governo timorense, ninguém no mundo desenvolvido
assumiu responsabilidades pela crise que afetou, sobretudo, cidadãos
vulneráveis.
"No entanto, em Timor-Leste, durante esta crise continuámos a ser
moralmente repreendidos por gastarmos o nosso dinheiro na melhoria das
vidas precárias dos nossos cidadãos. Repreendidos, diga-se, pelos mesmos
especialistas que fizeram ruir a economia mundial", sublinhou.
Para Xanana Gusmão, a "ganância descontrolada e a manipulação do
mercado pelas finanças mundiais resultaram num enorme aumento da
desigualdade e da hipocrisia".
"Vimos centenas de milhares de milhões de dólares em fundos de
resgate a irem para nações desenvolvidas, ao passo que os países frágeis
e os países menos desenvolvidos foram em grande parte ignorados. E aqui
temos de perguntar porquê?", questionou o primeiro-ministro.
Para Xanana Gusmão, é "perverso" dizerem para as pessoas terem fé num
sistema que "está a causar tanta angústia e que continua a perpetuar a
desigualdade".
Por acreditar num caminho melhor, Xanana Gusmão explicou aos
participantes na conferência que o governo tem estado a garantir que os
benefícios dos recursos naturais são aplicados no desenvolvimento do
país, nomeadamente na construção de infraestruturas.
"Estamos conscientes de que temos ainda um longo caminho a percorrer.
Embora a construção de infraestruturas nacionais de boa qualidade seja
essencial para o desenvolvimento social e para possibilitar um
crescimento equilibrado, os desafios são grandes e contínuos", disse.
O Fundo Petrolífero de Timor-Leste é atualmente de 14 mil milhões de
dólares, com um crescimento médio mensal de 300 milhões de dólares desde
o início do ano devido à crise no Egipto e na Síria.
A conferência é organizada em conjunto pelo governo timorense, Fundo
Monetário Internacional em colaboração com Banco Asiático de
Desenvolvimento, Banco Mundial e a Agência de Cooperação Internacional
do Japão.
MSE // JCS
Lusa/fim
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