terça-feira, 4 de junho de 2013

Relações com Austrália são de "unidade profunda" - Governo timorense

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Díli, 04 jun (Lusa) - O Governo de Timor-Leste afirmou hoje, em comunicado divulgado à imprensa, que as relações com a Austrália são de "unidade profunda, amizade e mútuo respeito".

"O Governo de Timor-Leste vem reafirmar ao Governo e ao povo da Austrália que a relação predominante entre os dois países é, e continuará a ser, de unidade profunda, amizade e mútuo respeito", afirma, no documento, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo timorense, Agio Pereira.

O comunicado do Governo timorense surge na sequência de uma série de reportagens divulgadas na imprensa internacional após o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, ter acusado as autoridades australianas de espionagem para acesso a informação confidencial nas negociações sobre gás e petróleo.

"Timor-Leste e a Austrália estão ligados por valores comuns, fundados na promoção e na proteção da democracia, uma relação que é firme e madura", refere o ministro Agio Pereira.

"Sejam quais forem os desafios que possam surgir, em qualquer área - e surgirão vários devido à natureza dos laços sociais, económicos e geográficos que nos ligam - a relação só pode sair reforçada pelo processo de responsabilização mútua ou avaliação conjunta", acrescenta o ministro.

Para o ministro timorense, os "aspetos comuns entre países que partilham interesses nacionais e regionais, e a proteção e preservação do modo de vida democrático, serão sempre prioritários a qualquer questão periférica ou desafio setorial".

No passado dia 29, o chefe da diplomacia australiana, Bob Carr, garantiu também que as relações com Timor-Leste "continuam boas" e que "nada pode romper os laços entre o povo da Austrália e de Timor-Leste".

A acusação de espionagem pelo Governo timorense apareceu na imprensa depois de terminar o prazo que impossibilitava Timor-Leste de denunciar o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), assinado pelos dois países em 2007 para facilitar a exploração de gás e petróleo no Mar de Timor, nomeadamente do Greater Sunrise.

O tratado possibilita que Timor-Leste ou a Austrália o denunciem caso não tenha sido aprovado o Plano de Desenvolvimento do Greater Sunrise seis anos após ter entrado em vigor, prazo que terminou em fevereiro.

No final de abril, Timor-Leste enviou uma notificação a Camberra, em que afirmava que o tratado entre os dois países era inválido porque a Austrália tinha feito espionagem durante as negociações do mesmo.
O Governo australiano recusou negar ou confirmar as acusações.

A exploração do Greater Sunrise, campo de gás, criou um impasse nas relações entre a petrolífera australiana Woodside e as autoridades de Timor-Leste.

Enquanto a empresa australiana defende a exploração numa plataforma flutuante, Timor-Leste insiste na construção de um gasoduto para permitir desenvolver a costa sul do país.

Mesmo que o tratado seja denunciado, os contratos de exploração do Sunrise continuam em vigor e, se a produção no Greater Sunrise começar, o CMATS volta a entrar imediatamente em vigor, a não ser que modificações tenham sido negociadas.

No tratado, que impede a definição de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de 50 anos, ficou especificado que cada um dos países recebe metade das receitas de exploração do Sunrise.

Além do CMATS, a exploração do gás e petróleo no Mar de Timor é também regulado pelo Tratado do Mar de Timor e pelo Acordo Internacional de Unificação.

MSE // MLL

Lusa/Fim
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