Francisco Almeida Leite |
Díli, 18 jun (Lusa) - O secretário de Estado dos Negócios
Estrangeiros e da Cooperação, Francisco Almeida Leite, defendeu hoje
novas formas de cooperação com Timor-Leste através de uma parceria
estratégica que possa também envolver as empresas portuguesas.
"A cooperação em Timor-Leste tem um potencial enorme de evoluir para
novos paradigmas. Até aqui desenvolvíamos uma ação com Timor-Leste que
era muito centralizada num programa plurianual, a partir de agora temos
de entrar numa nova era, numa nova etapa, e tentar cimentar mais uma
parceria estratégica com o Estado de Timor-Leste, porque já não faz
sentido esta relação doador/recetor da ajuda", afirmou Francisco Almeida
Leite.
O secretário de Estado falava aos jornalistas em Díli, onde hoje
chegou para uma visita oficial, e depois de um encontro com o chefe da
diplomacia timorense, José Luís Guterres, e os ministros da Justiça,
Dionísio Babo, Agricultura, Mariano Sabino, e Educação, Bendito Freitas.
A visita a Díli está inserida numa viagem alargada que o secretário
de Estado está a fazer aos países lusófonos e que tem como objetivo
fazer um balanço conjunto dos principais programas e projetos da
cooperação portuguesa.
"Somos parceiros, Timor-Leste está a crescer acima de 10 por cento
por ano, portanto, não faz mais sentido aquela relação clássica que
havia em termos de cooperação (...) mas vamos desenvolver novas formas
de cooperação", afirmou.
Para Francisco Almeida Leite, esta é uma "época nova" e não deve
haver "pruridos ou tabus" em relação ao envolvimento do setor privado na
cooperação.
"De futuro queremos envolver cada vez mais as empresas portuguesas
neste esforço que é um esforço de responsabilidade social e que traz o
seu efeito retributivo. Se as empresas portuguesas se relocalizarem em
Timor-Leste também acabam por ser geradoras de emprego e ajudam no
esforço de cooperação", disse.
O secretário de Estado destacou também a cooperação delegada e a cooperação triangular com novas formas de fazer cooperação.
"Vamos continuar a investir nesta área, que é uma área que
Timor-Leste está necessitado (...) procurando formas de cooperação
triangular. Nós, Portugal, podemos entrar com o 'know-how' por causa da
facilidade da língua e dos laços históricos que nos unem ao povo de
Timor-Leste, mas podem outras cooperações entrar a trabalhar connosco,
como por exemplo a Nova Zelândia e o Japão, que querem colaborar
connosco em Timor-Leste", disse.
Neste momento, Portugal tem três projetos de cooperação delegada pela
União Europeia com Timor-Leste, através do Fundo Europeu de
Desenvolvimento, no âmbito da comunicação social, desenvolvimento rural e
da justiça.
O programa da comunicação social tem como objetivo contribuir e
apoiar a implementação da Política Nacional de Comunicação Social do
Governo timorense e conta com um orçamento de cerca de um milhão de
euros.
O projeto teve início em janeiro de 2012 e deverá terminar no final deste ano.
O programa de desenvolvimento rural, concebido de acordo com a
estratégia definida pelo Governo de Timor-Leste, visa a melhoria dos
níveis de qualidade e segurança alimentar das comunidades rurais.
Esta intervenção, que tem um orçamento de oito milhões de euros e
teve início em dezembro de 2011 e termina em dezembro de 2015, é
desenvolvida em parceria com a agência de cooperação alemã GIZ.
Ainda no âmbito da cooperação delegada (FED), Portugal implementa
também um programa na área da justiça com o objetivo de apoiar a Câmara
de Contas e formação em investigação criminal, centrando-se
essencialmente na capacitação de quadros timorenses e assistência
técnica.
Durante a sua estada em Díli, até dia 21, Francisco Almeida Leite vai
participar na reunião dos parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste,
que decorre entre terça e quinta-feira, e realizar encontros bilaterais
com elementos do Governo timorense.
Na quinta-feira, o secretário de Estado vai também participar na
cerimónia de entrega de manuais escolares do ensino secundário geral do
Ministério da Educação de Timor-Leste.
MSE // VM
Lusa/Fim
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