Díli, 08 mai (Lusa) - A organização não-governamental International
Crisis Group recomendou hoje às autoridades de Timor-Leste reformas no
setor da segurança e prudência nos gastos e afirmação política para que a
estabilidade no país seja duradoura.
A recomendação é feita no relatório "Timor-Leste: Estabilidade a que
Custo?", elaborado por aquele grupo após a realização das eleições
presidenciais (março e abril de 2012) e legislativas (julho de 2012) e o
fim da missão de manutenção de paz da ONU em dezembro último.
"Apesar do aumento das receitas do petróleo e do gás terem comprado a
paz em Timor-Leste, a afirmação política, reformas na segurança e
cuidados fiscais são necessários para garantir que a estabilidade no
país dure", refere o grupo no relatório.
No documento, o International Crisis Group refere que as eleições
centralizaram o poder nas "mãos de poucos", mas que o relacionamento
entre o Governo e o único partido da oposição melhorou.
"O parlamento, as questões políticas e os processos de
desenvolvimento legislativo continuam um bocado anémicos", sublinha o
relatório.
Em relação ao setor da segurança, o documento salienta que o
"policiamento continua fraco, o papel das forças armadas ainda não está
determinado" e que é preciso definir e formalizar o trabalho específico
de cada uma daquelas forças.
"O Governo precisa de ser mais prudente nos gastos e garantir que o
investimento vai trazer retorno a longo prazo. O maior desafio é fazer
progressos nas oportunidades económicas sem esgotar a riqueza nacional",
alerta o relatório.
Para o International Crisis Group, o Governo tem de criar empregos
sustentáveis para uma "força de trabalho em rápido crescimento,
impulsionada por uma das maiores taxas de natalidade do mundo".
"Timor-Leste merece elogios pela forma como estabilizou o país após a
crise de 2006", afirmou Cillian Nolan, analista daquela organização.
Mas, segundo Cillian Nolan, há "preocupações sobre sustentabilidade que têm de ser tratadas ao longo da próxima década".
"O Governo tem estado menos interessado em aplicar reformas difíceis
do que em transformar a imagem do país associado durante muito tempo a
um lugar de violência", afirmou Jim Della-Giacoma, diretor do Programa
para a Ásia da organização.
Para Jim Della-Giacoma, promover a confiança no país é importante para "transformar a sociedade em pós-conflito".
O responsável alertou, contudo, que "Timor-Leste tem uma janela de
oportunidade muito limitada para fazer mudanças que possam mitigar os
riscos ainda reais de um eventual regresso ao conflito".
MSE // VM
Lusa/Fim
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