Timor Hau Nian Doben - 31 de maio de 2013
Uma menina de oito anos, Etelvina Gama, que sofria do coração, morreu na passada quarta-feira dentro de um táxi, a caminho do Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), noticiou hoje o Jornal Independente.
O taxista que transportava Etelvina e os seus familiares quando se apercebeu que a criança tinha falecido, deu ordens para que os passageiros saíssem do carro, em frente do Timor Plaza porque, " ele não estava autorizado a transportar pessoas mortas".
Dentro do táxi com Etelvina estavam dois primos da menina, Celestina de Jesus e Manuel, que ao serem forçados a saírem do carro que os transportava, foram obrigados a revezarem-se a pegar Etelvina morta ao colo, durante quase três horas, na estrada, em frente ao Timor Plaza, com a esperança de que " alguém bom" os pudesse transportar e leva-los para casa.
Etelvina Gama sofria do coração e foi transferida da unidade hospitalar de Gleno para o Hospital Nacional Guido Valadares, no dia 17 de maio, onde foi submetida a tratamento médico durante nove dias.
Em declarações ao Jornal Independente um enfermeiro do HNGV, que não quis ser identificado disse que, " ... Foi a família que quis levar a criança para casa e que assinaram uma carta obrigatória (...) A menina que sofria do coração foi colocada na sala critica e que de duas em duas horas nós monitorizávamos".
Todavia, um dos familiares de Etelvina, Celestina de Jesus, disse ao citado jornal que, "... Ela pediu para levarem a menina para casa porque ela reparou que os médicos não fizeram o diagnóstico e não faziam o " check-up" à menina".
"Ela não comeu durante quatro dias, porém, os médicos nunca fizeram o " check-up", os médicos diziam que ela estava bem, os medicamentos que eles deram para a menina, ela vomitava tudo, e nós pedimos para a levarmos para casa, o médico disse que estava bem, e disse para no próximo mês a trazermos de volta para o hospital, para lhe darem uma injeção", disse Celestina com lágrimas nos olhos, ao Jornal Independente.
Etelvina Gomes foi levada pelos familiares para casa na "esperança de que a menina pudesse comer e recuperar lentamente", não foi o caso, Etelvina piorou e faleceu.
Esta manhã em conversa sobre esta notícia com o vice-diretor da Organização Não Governamental Luta Hamutuk, Joãozito Viana, ele disse que isto não é nada de novo, está sempre a acontecer tanto em Díli como nos distritos.
" Na verdade isto não é nada de novo, está sempre a acontecer, muitas pessoas morrem na estrada antes de chegarem ao hospital, incluindo nas montanhas e nos distritos porque não existem ambulâncias e os hospitais ficam longe. Em muitos casos algumas crianças morrem porque os médicos mandam para casa para os pais fazerem os tratamentos em casa, e como os pais não têm possibilidades financeiras, elas morrem ".
Joãozito Viana explicou também que, " muitas crianças morrem por causa de muitas doenças incluindo a malnutrição e os maus-tratos" e disse ainda que "...Pior ainda, muitas vezes quando o povo faz tratamento no hospital, os serviços que são prestados não são bons, mas as pessoas ricas, os ministros e os diretores, eles são tratados da cabeça aos pés".
"Quando as pessoas pobres ficam doentes, ninguém se preocupa, é uma grande tristeza", lamentou o vice-diretor da Luta Hamutuk.
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