Díli, 05 mar (Lusa) - O parlamento de Timor-Leste retomou hoje a
realização mensal de uma sessão plenária em português, na sequência de
uma decisão tomada em fevereiro pelos líderes das bancadas parlamentares
daquela assembleia.
"Penso que é um esforço que temos de fazer 10 anos depois da
independência para dominar as duas línguas oficiais. Temos tempo e
podemos falar pausadamente", afirmou o presidente do parlamento, Vicente
Guterres, depois de desligar por duas vezes o microfone à deputada
Carmelita Moniz, que tentou falar em tétum.
A deputada Carmelita Moniz, do Conselho Nacional da Reconstrução de
Timor-Leste (CNRT), abandonou a sala, mas regressou para afirmar que é
preciso ser "realista".
"Eu entendo muito bem que português é língua oficial. Mas temos de
ser realistas. Temos de ser honestos e admitir que a maior parte dos
deputados não percebe português. Nós só queremos perceber o trabalho da
Procuradoria-Geral da República, tal como os jornalistas, que vão levar a
informação às pessoas", disse.
O deputado da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente
(Fretilin), David Ximenes, recordou, por seu lado, que foi obrigado a
aprender a língua indonésia sob tortura e que a lei no país é para se
cumprir.
"A língua portuguesa foi a língua da resistência. Temos lei e penso que as leis de Timor têm de vigorar", afirmou.
Durante a sessão plenária de hoje, a Procuradora-Geral da República,
Ana Pessoa, que termina o mandato este mês, apresentou o balanço dos
quatros anos do seu trabalho à frente daquela instituição.
Ana Pessoa também tentou apresentar um resumo do balanço em tétum,
mas o presidente do parlamento não autorizou, insistindo que a sessão
era em língua portuguesa.
Em novembro de 2010, os deputados do parlamento timorenses aprovaram
uma resolução que determina a realização de uma sessão mensal do
plenário em português.
Ao longo de 2011 houve algumas sessões plenárias em português, mas em
2012, devido à falta de quórum no parlamento por causa das campanhas
eleitorais para as eleições presidenciais e legislativas, não foi
realizada nenhuma sessão.
No passado 21 de fevereiro, durante uma reunião de líderes das
bancadas parlamentares foi determinado marcar antecipadamente datas
concretas para a "realização obrigatória de reuniões plenárias em
português".
As datas definidas foram: 05 de março, 02 de abril, 07 de maio, 04 de junho e 02 de julho.
Na mesma reunião ficou também determinado aumentar gradualmente a
"regularidade da realização de sessões plenárias em português para duas
ou três reuniões mensais".
O parlamento disponibiliza aulas de português, que são atualmente frequentadas por 22 deputados.
O hemiciclo timorense tem um total de 65 deputados.
O artigo 13 da Constituição de Timor-Leste determina que o "tétum e o
português são as línguas oficiais da República de Timor-Leste".
O mesmo artigo refere também que o "tétum e as outras línguas nacionais serão valorizadas e desenvolvidas pelo Estado".
MSE // MLL
Lusa/Fim
,
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.