Lisboa, 19 mar (Lusa) -- A Guiné-Bissau é o país lusófono com maior
risco político, seguido de Angola e Timor-Leste, indica uma
classificação divulgada hoje pela gestora de risco e corretora de
seguros Aon.
No ranking da Aon para mercados emergentes, desenvolvido em parceria
com a Roubini Global Economics - do economista Nouriel Roubini, a quem é
atribuída a previsão da crise financeira de 2008 -, a Guiné-Bissau
surge entre os países de risco político "muito elevado", a par da
República Democrática do Congo ou Somália, devido ao golpe militar de
2012, com "prováveis focos de combate periódicos", e a ter 80 por cento
da população abaixo da linha de pobreza.
"A doença económica mais vasta é agravada pela redução de ajuda
multilateral, devido a alegações de que o país está envolvido no tráfico
de droga para a Europa, deixando o governo incapaz de responder a
choques", refere a Aon, alertando para o "ambiente de negócios incerto" e
"ausência de Estado de Direito".
Com um risco político considerado "médio-elevado", Angola "tem como
particular fonte de incerteza os assuntos relacionados com a sucessão
presidencial".
Para a Aon, as receitas orçamentais angolanas continuam vulneráveis a
oscilações do preço do petróleo, o que limita a capacidade do governo
para responder a choques, e a economia não-petrolífera "continua
marginal", penalizada por "infraestruturas pobres", "melhoradas apenas
em parte pelos fortes investimentos chineses", e riscos legais e
regulatórios elevados", indica o relatório de avaliação de risco.
"A elite política do regime de (José Eduardo) dos Santos exerce um
alto nível de controlo económico e a falta de mão-de-obra qualificada,
corrupção, nepotismo e burocracia torna o ambiente de negócios
desafiante, com o acesso a capital ainda limitado e caro", adianta.
A pesar na posição angolana está ainda a "fraca" coesão social,
devido a "divisões étnicas e tribais", e negligencia do interior do
país, com a riqueza concentrada em Luanda.
Na mesma categoria surge Timor-Leste, onde as instituições são agora
"muito mais fortes" do que durante a crise de 2005, embora ainda
"fracas em áreas críticas, como a supervisão regulatória e legal" e
sendo possível o "deflagrar de violência".
A proposta de adesão de Timor-Leste à ASEAN é um passo "importante"
para a economia, países vizinhos estão a acelerar investimentos no país e
o governo tem sido eficaz na gestão da receita petrolífera, o que
confere financiamento para "projetos de infraestruturas críticos".
Também São Tomé e Príncipe é considerado de risco "médio-elevado",
além de ter um ambiente económico "estagnado", que reflete a "fraca
eficácia do governo e elevados riscos regulatórios", dificuldades para
os agentes económicos e "corrupção generalizada".
Moçambique é considerado um país de "risco moderado", embora "as dúvidas sobre a sucessão sejam uma fonte de incerteza".
A nível económico, as infraestruturas são "inadequadas", falta
mão-de-obra qualificada e há uma "elevada dependência" de financiamento
externo.
Cabo Verde é considerado país de "risco médio", com "governação forte
e estabilidade política", mas com vulnerabilidades ao nível da
dependência das receitas do turismo e previsões económicas "frágeis",
incapazes de reduzir o elevado desemprego e assim "minando a coesão
social".
O Brasil surge na categoria de risco "médio-baixo", apesar do seu "elevado grau de desigualdade", afirma a Aon.
A política intervencionista do governo brasileiro contribuiu para um
"desempenho económico pobre" no ano passado, mas o apoio ao governo
continua elevado e o crescimento potencial e demográfico criam uma
tendência positiva.
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Lusa/Fim
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