Díli, 11 fev (Lusa) -- O ex-Presidente de Timor-Leste José
Ramos-Horta disse hoje à agência Lusa que o ataque de que foi vítima em
2008 serviu para parar a violência no país.
"Se o sacrifício quase supremo que me foi imposto valeu de alguma
coisa, valeu no sentido em que a partir daquela hora em que a notícia
correu todo o mundo, e todo o Timor-Leste, de que eu fui ferido, a
violência parou até hoje", afirmou José Ramos-Horta.
A 11 de fevereiro de 2008, José Ramos-Horta foi atacado à porta de
casa tendo sido atingido por duas balas, uma das quais no estômago.
O ataque foi liderado pelo major Alfredo Reinado, que morreu no
atentado. O antigo comandante da Polícia Militar esteve envolvido na
crise política e militar de 2006 no país, que provocou dezenas de mortos
e milhares de desalojados.
"Se foi esse o preço que eu tive de pagar para que a violência
acabasse no país e se foi essa a decisão de Deus, que alguém tinha de
pagar e que esse seria o próprio Presidente da República, obviamente que
aceitei sem rancor e perdoei aqueles que me feriram", acrescentou o
ex-Presidente timorense.
Para José Ramos-Horta, o atentado, "aparentemente sem qualquer
explicação", foi feito por um grupo de renegados, que quando perceberam
que o ex-Presidente tinha ficado ferido também se "desnortearam
completamente".
"Logo a seguir escreveram-me uma carta que me foi entregue na
Austrália (onde esteve internado quase dois meses) a dizer que se
entregariam quando eu regressasse", recordou José Ramos-Horta,
acrescentando que se acabaram todos por entregar às autoridades.
Os elementos envolvidos no ataque foram julgados e condenados em
2009, mas acabaram por receber um indulto de José Ramos-Horta, atual
representante do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau.
"Cumpriram alguma pena de prisão e eu, como Presidente da República,
na altura, compreendendo as circunstâncias da nossa história, como as
coisas aconteceram, pesando tudo, decidi dar-lhes um indulto,
perdoá-los", disse, acrescentando que já se passaram três anos e desde
que foram libertados nenhum deles causou problemas.
José Ramos-Horta terminou o seu mandato como Presidente de
Timor-Leste em maio de 2012, depois de perder as eleições presidenciais
ganhas por Taur Matan Ruak, atual chefe de Estado.
No início de janeiro, José Ramos-Horta foi nomeado representante do
secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, país da África Ocidental, onde
chega na próxima quarta-feira.
MSE // JCS.
Lusa/Fim
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