Zé Silveira
Pra quê falar de Natal.
Se as luzinhas das árvores
cada vez mais distantes
brilham nos olhos
das muitas pobres crianças.
Inocentes, vitimadas
por ‘miliumas’ atrocidades;
exploração, pedofilia, execração,
pelo vil abandono das famílias.
Ou de outras as fazendo
prostituídas, como meio de vida,
maculando suas infâncias,
condenando-as
a morte, ou sobrevida...
Pra quê falar de Natal.
Se tantas são obrigadas
a pisarem quintais sujos
ao invés de escolas,
ou lares acolhedores
apesar de pobres...
Nada parecido
com o que lhes são impostos
pelas circunstâncias,
e que encontram
debaixo das marquises e viadutos,
quantas entregues a má sorte.
Pra quê falar de Natal.
Essa superficialidade.
Se não há mais consciência,
esquecida que está à essência de;
‘Fraternidade’
nessa contemporaneidade.
Pra quê falar de Natal.
Se nada profundamente
é feito no ‘nascer’ de cada dia.
É peremptório...
Tudo seria mais Natal
se fizéssemos fazer luzentes
os corações das crianças;
mais ávidos de pão
do que de festa,
mais ávidos de amor,
do que das luzes
vindas das festas,
mais ávidos de mãos,
que os olhares
cobiçando um brinquedo
através da fresta.
A escuridão
cansam-lhes mais;
a vida pedinte,
a vida drogada,
a vida esmolada,
a vida desgraçada.
Enquanto as fartas mesas exalarão
os perfumes, e os gostos impregnarão
nossas papilas gustativas, e os sorrisos
invadirão as salas iluminadas... então
Acordemos no estampido do champanhe.
Pois; pra quê Natal?
Se não enxugamos lágrimas.
Se não aplacamos dores.
Se não espalhamos amores.
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