Díli, 19 dez (Lusa) - A Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) e o Governo timorense preveem que a saída do pessoal da ONU até 31 de dezembro terá um impacto económico reduzido e localizado, mas avisam que é preciso mais emprego.
Segundo o plano conjunto de transição, elaborado pela ONU e pelo Governo timorense, a "retirada da UNMIT terá, sem dúvida, um impacto na economia local, mas esse impacto será menor do que em 2002, devido ao tamanho, agora maior, da economia de Timor-Leste".
A previsão da ONU e do Governo é a de que o impacto se sinta mais na área urbana de Díli, onde estão localizados 69 por cento dos funcionários internacionais e nacionais da missão.
A UNMIT tem quase três mil funcionário, 898 dos quais timorenses, e a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero do país, em 2010, foi de 7,4%, correspondente a 46,7 milhões de dólares (35,4 milhões de euros ao câmbio atual).
Em 2010, segundo dados do Governo timorense, o PIB não petrolífero foi de cerca de 700 dólares 'per capita' (531 euros) e o PIB petrolífero de 1.800 dólares (1.365 euros).
"Como o número (de funcionários) é reduzido não vai haver um impacto económico significativo, mas afeta sempre porque os funcionários internacionais são como turistas, precisam de alojamento e fazem compras", afirmou à agência Lusa Augusto Mendonça, professor de economia macro da faculdade de Economia da Universidade Nacional de Timor-Leste.
Para o professor, a saída da ONU vai afetar, sobretudo, a taxa de desemprego do país, que estima em 16 por cento da população ativa, embora admita que possa ser superior.
"Vai aumentar a taxa de desemprego do país, mas nada como foi na missão de 2002", disse Augusto Mendonça, referindo-se ao fim da Administração Transitória da ONU em Timor-Leste (UNTAET), antes da restauração de Timor-Leste e que implicou a saída de milhares de funcionários e militares internacionais.
Augusto Mendonça recomenda ao Governo investimento no setor privado ao nível da criação de indústria, porque cria emprego a longo prazo, alertando para o risco da aposta governamental na construção de infraestruturas, que só cria postos de trabalho temporários.
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A aposta na indústria resolve o problema do desemprego, da pobreza, melhora o bem-estar da população e reduz os itens da importação para procurar equilibrar a balança comercial", explicou.
Em 2011, Timor-Leste exportou 18 milhões de dólares (13,6 milhões de euros) de mercadorias e importou 689 milhões (522 milhões de euros).
Opinião semelhante tem Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o único partido da oposição com representação parlamentar.
"Em 2002, entre 60 e 70 por cento da economia dependia da presença internacional e Timor-Leste não tinha financiamento, recursos próprios.
Agora, o impacto vai sentir-se nos restaurantes e hotéis", afirmou o secretário-geral da Fretilin.
Para o antigo primeiro-ministro timorense, há pessoas que vão perder o emprego, mas se Governo "souber gerir bem os recursos que tem, facilmente pode cobrir isso".
"Mas não é subsidiar, é criar realmente um programa de emprego através de investimento público" e escolas vocacionais, capazes de qualificar recursos humanos, alertou Mari Alkatiri.
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