terça-feira, 6 de novembro de 2012

Secretário-geral da Fretilin diz à ONU que reabilitação da polícia timorense foi feita de forma errada

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Díli, 05 nov (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin, oposição), Mari Alkatiri, disse hoje que a reabilitação da Polícia Nacional foi feita de forma errada e que a filosofia de atuação daquela força vai ter que mudar. 

 "Nos últimos cinco anos pouco se fez no sentido de reforço institucional da nossa polícia. Pouco se fez, o que se fez foi uma tentativa de reabilitar uma instituição que trazia consigo uma carga negativa muito grande por causa da crise de 2006", afirmou Mari Alkatiri. 

O líder da oposição timorense falava à agência Lusa após se ter reunido com uma missão do Conselho de Segurança da ONU que se encontra em Díli a fazer uma avaliação da situação no país. 

Questionado pela Lusa sobre o que falou com a missão do Conselho de Segurança da ONU, Mari Alkatiri explicou que falou sobre a reabilitação da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), que considerou ter sido reabilitada de "forma errada". 

 "Sem critério e sem capacidade de castigar aqueles que deviam ter sido castigados, de se livrarem deles, de os sanear. Não houve saneamento na polícia", na sequência da crise política e militar de 2006, que provocou a implosão da polícia timorense, afirmou. Para Mari Alkatiri, a reabilitação foi feita de forma errada em termos políticos e institucionais e o que "se verifica agora é que há uma indisciplina generalizada dentro da polícia". 

Questionado pela Lusa sobre o que é preciso fazer para reabilitar a polícia, o secretário-geral da Fretilin defendeu que em primeiro lugar é preciso capacitar a administração da polícia a todos os níveis, incluindo o logístico. 

Em segundo lugar, Mari Alkatiri considerou que é preciso profissionalizar aquela força de segurança, o que passa por nunca a utilizar para fins político-partidários e para intimidar. 

 "A polícia deve ser uma instituição que atua no sentido de ganhar a confiança da população e não de meter medo à população, porque a polícia só pode ser eficaz se tiver o apoio e a compreensão da população", defendeu. 

Para Mari Alkatiri, a "filosofia" de atuação tem de mudar, porque a polícia é a "instituição que mais lida com a população e deve ter a confiança da população". 

 "Deve servir para proteger os direitos dos cidadãos e não o contrário, ser usada pelo poder político para negar esses mesmos direitos aos cidadãos", acrescentou. 

 Outros assuntos abordados por Mari Alkatiri com a missão do Conselho de Segurança da ONU foram os setores da justiça e da governação. 

 Para o líder partidário, a justiça "sofre bastantes interferências do poder político, particularmente os tribunais". 

A missão do Conselho de Segurança da ONU que se encontra em Díli deve ser a última antes do final da Missão Integrada das Nações Unidas para Timor-Leste, que termina a 31 de dezembro. 

MSE // VM. 

Lusa/Fim
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