Lançamento do livro
A VIDA PELA INDEPENDÊNCIA
Centro de Convenções de Díli,
30 de Agosto de 2012
Este livro foi escrito, em primeiro lugar, devido à determinação e ao entusiasmo da Ângela Carrascalão. Sem a sua insistência e o seu empenhamento um livro como este talvez não chegasse a ser escrito.
Quando ela me falou desta ideia, ponderei longamente o convite. Acabei por aceitá-lo porque considero ser nosso dever deixarmos às novas gerações o registo da história que nós vivemos e em que fomos participantes; deixar o registo da memória da luta que tornou possível a independência. A Memória tem de ser escrita, tem de ser registada para que os nossos filhos conheçam a História do seu próprio país.
Há muito que sinto a necessidade de ser preparada a História de Timor-Leste. De garantir que as nossas crianças têm uma referência histórica do seu passado, que alargue o conhecimento do passado que vão adquirindo através da história da sua própria família. As nossas crianças têm de conhecer as raízes da nossa identidade nacional e, munidos desse conhecimento, contribuir para cimentar a unidade nacional.
Ao aceitar o convite da Ângela, pensei nos milhares de irmãos e irmãos, companheiros de luta, que perderam a vida e não podem estar aqui hoje. Também tive de aceitar o convite por eles, pelo seu inestimável contributo para a nossa liberdade. O testemunho deste livro é também uma homenagem sentida aos que nos deixaram sem poder comemorar o 30 de Agosto.
O livro é sobre o testemunho pessoal de quem viveu a Guerra e está a viver a Paz. Não poderia falar de tudo o que vi e vivi. Mas fala de acontecimentos e factos que considero relevantes, não apenas para mim mas para a vida coletiva do nosso país. Alguns desses factos poderão surpreender os leitores pela frontalidade com que os abordo. Devo dizer que o fiz conscientemente. Os homens e as mulheres que lutaram são seres humanos simples, muitos deles de uma humildade tocante. Mas, enquanto seres humanos que somos, também cometemos erros, também temos momentos de fraqueza, de hesitação e de medo. Do mesmo modo tivemos a força, a energia, a coragem e a determinação para combater e viver 24 anos no mato, em condições que a maioria dos seres humanos teriam dificuldade em suportar.
Considerei que chegara o momento de dar a conhecer a luta como ela foi, isenta da aura mitificada da perfeição.
Há muitas pessoas, muitos outros combatentes para serem ouvidos. Desejo que a publicação do livro da Ângela seja um estímulo para outros companheiros de luta deixarem testemunho de experiências e vivências sobre acontecimentos da nossa história que com importância para a nossa memória coletiva e a sociedade atual. Muitos dos nossos companheiros já nos deixaram nestes últimos anos sem que as suas histórias, vidas e experiências ficassem registadas. Deixo o meu apelo às organizações que têem tido a generosidade de proceder à recolha das histórias de vida destes homens e mulheres para que continuem esse enorme e tão valioso trabalho. Deixo-vos o meu reconhecimento pelo trabalho que desenvolvem.
Historiadores experimentados poderão escrever outros livros sobre estes acontecimentos. Há muito trabalho a fazer sobre a nossa história recente.
Mas este livro contém a minha contribuição pessoal – um testemunho sentido e vivido – sobre factos que contribuíram para mudar Timor-Leste e a vida do nosso povo e podem contribuir para motivar as novas gerações de timorenses.
Termino agradecendo a todos quantos colaboraram para que este livro fosse publicado.
Agradeço a presença de todos.
Que Deus vos abençoe.
Muito Obrigado pela atenção.
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